EXPOSIÇÕES

Contraditório

30ª edição do Panorama reúne arte do improviso

Fabio Rigobelo

Já na abertura, a contradição: ao invés de uma noite regada a espumante, a 30ª edição do Panorama da Arte Brasileira do MAM-SP, "Contraditório", começa na tarde de amanhã (dia 20) com uma performance sonora do coletivo carioca Chelpa Ferro, com direito a guitarra, baixo, batidas eletrônicas e percussão.

Partindo da idéia de que no Brasil as mudanças são por demais graduais e seus resultados deveras vagarosos, o pernambucano Moacir dos Anjos (do Museu de Arte Moderna de Recife), curador convidado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo, selecionou trabalhos de artistas de todo o país que, de alguma forma, refletem a angústia e a desesperança numa nação potencialmente cheia de possibilidades, mas estagnada na realidade e na burocracia. Daí o "contraditório" do título.

São 37 trabalhos, de 28 artistas e um coletivo, escolhidos para representar o melhor da arte contemporânea. Entre eles, estão Débora Bolsoni, que instiga pela efemeridade de seu "Quebra-mola-passadeira e Rampeneira". Feita de paçoca, a obra remete às lombadas preventivas de acidentes de trânsito, mas também está sujeito a ser pisado por um visitante. Cínthia Marcelle e o vídeo "Fonte" mostram a metáfora de um país frustrante: um caminhão de bombeiros se locomove em círculos, indefinidamente, enquanto sua mangueira despeja água, formando uma grande poça. A falta de rumo aliada ao desperdício.

"As obras deste Panorama têm um tom mais baixo, são obras em "bemol'", afirma o curador. Aliado à idéia de "gambiarras", este tom perpassa as criações. "É uma resposta a uma situação de falta, uma atitude de sobrevivência frente à dificuldades que levam as pessoas a improvisarem", completa.

Pq. Ibirapuera, av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº, portão 3, Parque Ibirapuera, região sul, tel. 5085-1300). Ter. a dom.: 10h às 18h. Abertura 21/10. Até 6/1. Estac. (sistema zona azul - no portão 3).A D I V