TEATRO

O Bem Amado

Marco Nanini revive Odorico Paraguaçu

Maria Eugênia de Menezes

Mítico personagem da dramaturgia nacional, o prefeito Odorico Paraguaçu volta à cena vivido por Marco Nanini na nova montagem de "O Bem Amado", que inicia temporada hoje (dia 18), no teatro Cultura Artística.

O espetáculo carioca revisita a história do político corrupto que administra a fictícia cidade baiana de Sucupira e trata de seus dissabores para inaugurar o cemitério prometido em campanha. A adaptação foi feita por Guel Arraes e Cláudio Paiva, que se basearam em texto de Dias Gomes de 1962 -outras versões foram escritas para a TV (leia na pág. 33).

Ainda que as falcatruas retratadas pelo dramaturgo continuem na ordem do dia, menções a escândalos mais recentes e elementos da cultura pop foram inseridos para dar ao enredo tonalidades contemporâneas. "Não queríamos ter uma visão antiga e romântica do Nordeste. Era preciso trazer algumas dessas novas referências para que não ficasse um espetáculo de época", conta Nanini.

Na encenação assinada por Enrique Diaz, oito integrantes da Cia. dos Atores se revezam para fazer os papéis, entre eles, as célebres irmãs Cajazeiras (Bel Garcia, Susana Ribeiro e Raquel Rocha) e Dirceu Borboleta (Marcelo Olinto). Além dos ares de urbanidade, a trama ganhou aspecto de vaudeville, com cenas que se sucedem em ritmo ligeiro, e teve seus aspectos farsescos acentuados. "Existe uma certa ingenuidade no original. Guel "Arraes" imprimiu ao texto outra velocidade", fala Diaz.

Com algo de barroco, a direção de arte de Gringo Cardia se baseia na longa pesquisa do cenógrafo sobre a estética da periferia e traz ao palco figurinos em cores exageradas, painéis que reproduzem xilogravuras de cordel, cartazes e lambe-lambes.

Cultura Artística - sala Esther Mesquita - r. Nestor Pestana, 196, Consolação, região central, tel. 3258-3595. 1.156 lugares. Sex. e sáb.: 21h. Dom.: 18h. Até 27/7. Ingr.: R$ 25 a R$ 100. CC: todos. Estac. c/ manob. (R$ 9 - convênio).a d c t