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Juros reais a aposentados
podem passar de 4%
MAIORIA DOS APOSENTADOS PREFERE FINANCIAR AS TAXAS, COMO TAC E IOF, AUMENTANDO OS JUROS DO EMPRÉSTIMO COM DESCONTO DIRETO NO BENEFÍCIO
Para os bancos e financeiras, o empréstimo com desconto direto na folha de pagamento só tem vantagens,
pois não há possibilidade de
calote. Já para quem recebe o
crédito, é preciso pesquisar
pois os juros podem não ser
tão baixos quanto parecem.
Entre os dez bancos pesquisados pelo Agora para um
empréstimo para aposentados
e pensionistas de R$ 1.000 em
36 parcelas, seis tem juros
anunciados iguais ou superiores a 3% ao mês e, com os cálculos considerando a TAC (Taxa
de Abertura de Crédito) e o IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras), três deles ultrapassam a taxa de 4% ao mês.
"O aposentado deve tentar
sempre pegar o empréstimo
em prazos mais curtos para fugir dos juros altos e da maior
incidência dessas taxas", comentou o professor de matemática financeira, José Dutra
Vieira Sobrinho.
Sendo assim, o CDC (Crédito
Direto ao Consumidor), linha
ligada à compra de bens encontrada em lojas, na compra
de eletrodomésticos e roupas,
por exemplo, pode ser uma
alternativa mais econômica,
com taxa média de 3,68%
-mas também é necessário
verificar as taxas extras.
Na pesquisa feita pelo Agora, há casos em que a diferença entre os juros informados e
aqueles apurados pela reportagem é de um ponto percentual ao mês quando a TAC e o
IOF (repassado para o governo)
são financiados, o que ocorre
na maioria dos casos.
A TAC geralmente é de 3,5%
do crédito, mas há bancos que
cobram um valor fixo. Entre as
28 instituições que informaram os dados ao INSS, a maior
taxa é do Banco Industrial do
Brasil, que cobra R$ 200 para
valores acima de R$ 2.500.
O diretor da área de varejo
do Banco Pine, Mário Sérgio
Werchez, ressaltou que as instituições financeiras que cobram o TAC no ato do empréstimo descontam o valor do depósito, diminuindo o crédito.
"No nosso caso, para o empréstimo de R$ 1.000, o contrato seria de R$ 1.102,87 por
causa da TAC de R$ 90 e o IOF de
R$ 12,87", contabilizou. Por
isso, os juros anunciados de
3,3% se transformam em 4%,
de acordo com os cálculos do
professor José Dutra.
Já o BGN cobra juros de
2,99%, mas com a TAC (R$ 35)
e a IOF (R$ 13,70), esse percentual sobe para 3,97%. Neste
caso, ele teria creditado R$
951,30 em vez dos R$ 1.000
de que precisava. Vale lembrar
que o aposentado pode pagar
esses tributos no ato do empréstimo, mas a maioria não
faz isso porque não tem dinheiro disponível. Também
por isso a maioria dos clientes
opta por prazos mais longos,
apesar dos juros altos, pois
62% dos aposentados que
procuram pelo crédito recebem até dois salários mínimos.
"Quanto maior o número de
parcelas, maior pode ser o crédito, já que as prestações não
podem ultrapassar 30% do
benefício", disse Geli Aguiar,
diretor financeiro do BGN, onde 95% dos aposentados pegam empréstimo em 36 vezes.
Para o diretor do Cruzeiro do
Sul, Adolpho Nardy, o prazo
depende do objetivo do crédito. Segundo o INSS, 60% dos
segurados pretendem quitar
outras dívidas com o dinheiro,
portanto não podem esperar.
"Praticamente todos os nossos
clientes pagam em 36 vezes",
disse. Os juros de 3% do banco
já incluem a IOF, mas não a TAC,
por isso o percentual real sobe
para 3,48%. (Tatiana Resende)
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