Os altos índices de rejeição dos dois candidatos em disputa parecem deixar pouco espaço para migrações de eleitores nos últimos dias da corrida presidencial.

Boa parte daqueles que votam em Jair Bolsonaro rejeita Fernando Haddad e vice-versa. O candidato do PSL, com isso, fica com uma vantagem confortável para a semana final do segundo turno.

A última pesquisa do Datafolha mostra que 91% dos eleitores de Bolsonaro não votariam em Haddad de jeito nenhum. Do outro lado, 90% daqueles que escolhem o petista rejeitam o deputado do PSL.

Os números sugerem que a cristalização de votos e a polarização no segundo turno "congelam" a campanha. A margem para uma transferência de votos de um para o outro é estreita e há poucos indecisos em jogo.

Um outro cruzamento dos dados indica que cada candidato já conseguiu capturar boa parte dos detratores de seu adversário —com leve vantagem para Bolsonaro.

Entre eleitores que rejeitam o petista, 84% declaram voto no candidato do PSL e outros 13% votam nulo ou em branco. No outro lado, 78% daqueles que não votam em Bolsonaro escolhem Haddad, enquanto 17% votam nulo.

A aversão ao petista ultrapassou metade do eleitorado (54%), o que reduz suas chances de recuperação. Bolsonaro tem uma taxa de rejeição menor (41%) e conseguiu consolidar uma boa proporção de eleitores que dizem votar nele "com certeza" (48%).

O segundo turno de 2014 também foi marcado por uma forte polarização, mas os índices de rejeição eram mais baixos, na média.

O Datafolha mostrou, na ocasião, que 37% dos eleitores diziam não votar em Dilma Rousseff (PT) de jeito nenhum e 41% rejeitavam Aécio Neves (PSDB).

O Datafolha ouviu 9.137 eleitores em 341 municípios nos dias 17 e 18 de outubro de 2018. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. O levantamento registrado na Justiça Eleitoral sob o protocolo BR-07528/2018.