Sé terá pátio de compostagem para restos de feira e poda de árvores

Local vai usar restos de 32 feiras e de mercado no centro; projeto-piloto da Lapa, aberto em 2015, segue em funcionamento

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Um novo pátio de compostagem na cidade de São Paulo será aberto nesta sexta-feira (28). Um terreno de 5.500 metros quadrados na avenida do Estado já está pronto para receber, diariamente, os restos de frutas, legumes e verduras de 32 feiras livres de Bela Vista, Liberdade, Consolação, República, Sé, Santa Cecília, Cambuci, Bom Retiro, do entorno dos mercados Municipal e Kinjo Yamato. Os restos da feira da praça Charles Miller, no Pacaembu, também irão para lá.

A este material, que deve somar 7 toneladas, serão misturadas 3 toneladas de restos de podas de jardins da cidade e as palhas de embalagens de transporte de frutas descartadas pelo Mercadão, para fazer composto, que serve como adubo natural.

Segundo Eugenia Gaspar da Costa, gerente de projetos especiais da Inova, uma das empresas concessionárias de limpeza da cidade que coordena o projeto, esse uso dos resíduos deve desviar 2,8 mil toneladas dos aterros sanitários por ano.

O sistema adotado ali é a compostagem termofílica em leiras (aquelas lombadas comuns nas hortas) de aeração natural. O método é conhecido também como UFSC de (Universidade Federal de Santa Catarina) por ter sido desenvolvido naquela instituição pelo agrônomo e professor Paul Richard Muller.

Foi escolhido por demandar pouco investimento em infraestrutura, não causar odor e por combinar resíduos frescos, como os restos de frutas, legumes e verduras, e os secos, como as palhadas, folhas secas e lascas de madeira, facilmente obtidos, criando ambiente ideal para bactérias e fungos degradarem o material em poucos meses.

O resultado é o composto orgânico, que serve para adubar hortas e jardins. A primeira leva de composto do novo pátio da Sé deve estar madura para uso em janeiro de 2019, com 25 toneladas. São 3 meses de alimentação das leiras feitas de camadas de restos de poda de jardins e cobertas de palha.

Quando a leira receber resíduos suficientes para chegar na altura que permita ainda o manuseio, ela é deixada em repouso por 90 dias. Nesse período, a temperatura interna chega aos 65 graus. Depois disso, o material é retirado, peneirado e descansa por mais 30 dias antes de ser ensacado e distribuído.

Esse material, administrado pela prefeitura, deve ser usado em parques e praças, em um viveiro de mudas que será instalado no mesmo terreno e também é levado nas campanhas de conscientização dos feirantes.

As campanhas educativas já começaram há dois meses, com a distribuição de sacos de composto e folhetos em todas as feiras que fazem parte do projeto do pátio da Sé. Saber como funciona a compostagem é importante para que os resíduos cheguem sem contaminação ao pátio.

“O trabalho dos feirantes é essencial. Eles têm de separar corretamente as FLV (frutas, legumes e verduras), não misturando peixes, carnes e nem os recicláveis papel, lata, plástico ou vidro. A adesão dos feirantes é um processo já iniciado. As pessoas começam a abraçar a causa e passam de uma para outra”, diz Eugênia da Costa.

O pátio da Sé foi anunciado há mais de dois anos como o segundo local para o projeto Feiras Sustentáveis, que foi iniciado em 2015 com a experiência-piloto do pátio da Lapa, que segue funcionando e tem capacidade também para receber e colocar para compostar 10 toneladas por dia.

Desde o início do projeto da Lapa, segundo a prefeitura, deixaram de ser enviadas aos aterros sanitários cerca de 2.000 toneladas de resíduos, que foram transformadas em 500 toneladas de composto orgânico.

A prefeitura não informa quantas feiras enviam os resíduos para o pátio da Lapa atualmente e nem o cronograma de ampliação do projeto. Cita apenas outros três locais de instalação dos próximos pátios: São Mateus, Mooca e Ermelino Matarazzo.

O projeto foi desenhado pela Amlurb, entidade que cuida de limpeza urbana, em parceria com a empresa Inova e a Secretaria Municipal das Subprefeituras.

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