Descrição de chapéu Balanços

A Copa do Mundo nos dá o direito de esquecer

Os problemas estarão todos aí quando o campeonato terminar; que pelo menos seja depois do hexa

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O Brasil entra em campo no próximo domingo (17) contra a Suíça para sua estreia na Copa do Mundo e os chatos de plantão —da esquerda ou da direita, tanto faz—  querem cercear a nossa torcida.

Que pelo menos por algumas semanas os brasileiros tenham o direito de esquecer a recessão que ainda nos espreita, a alta taxa de desemprego, o desastre na segurança pública, o precário atendimento à saúde, o sistema de castas em que se transformou a Previdência Social.

Nas redes sociais, já tem até patrulha contra usar a camisa verde e amarela da seleção, que teria se tornado monopólio dos “patos da Fiesp” ou, então, numa espécie de aval às roubalheiras da CBF. Por favor, me poupem.

Já vi amigos dizendo que vão torcer pela Alemanha, pela Argentina, e até pedindo que a seleção canarinho perca os jogos por um placar ainda mais vergonhoso que os desastrosos 7 a 1.

Quanto rancor! Nem em pesadelos eu faria uma coisa dessas.

Não consigo entender qual é o pecado em esquecer nossas mazelas, nos divertir e torcer por esse sofrido país. Não se iludam, os problemas estarão todos aí quando a Copa terminar e tivermos que encarar de frente uma eleição presidencial que promete Jair Bolsonaro e Ciro Gomes no segundo turno. Que pelo menos seja depois de ganhar o hexa.

E um alerta aos donos da verdade e da virtude: não vale agourar agora e depois gritar gol como loucos e tomar cerveja até não poder mais se o Brasil for campeão. Que sejam coerentes, se tranquem em casa e assistam um filme francês ou de guerra —a gosto da sua ideologia— e nos permitam esquecer que existe tanta gente chata.

Me desculpem, mas a Copa do Mundo nos dá, sim, o direito de esquecer. Pelo menos por algum tempo.

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