Bolsonaro: omito

Ideias do candidato têm omissões eloquentes

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Esta coluna foi escrita antes da brutal agressão sofrida por Jair Bolsonaro, que obviamente repudio. Torço para que o candidato se recupere sem sequelas para que volte a ser alvo de piadas e não de facadas.

 

 

O TSE decantou o plano de governo de Jair Bolsonaro para separar as propostas reais do discurso histriônico.

"Basta desfazer a cortina de fumaça da memeocracia, das lacradas contra homossexuais, petistas, comunistas, mulheres e quilombolas para perceber que há propaganda enganosa do candidato. Bolsonaro, portanto, fica proibido de usar o termo 'o mito'. Diante das escandalosas omissões e distorções de suas propostas, o candidato está autorizado apenas a empenhar o termo 'omito'", explicou Rosa Weber.

Em seguida, a presidente do STF apresentou um Power Point com as evidências e os resultados práticos omitidos pelo candidato.

1. A frase "O trabalhador vai ter que escolher entre ter menos direitos e emprego ou todos os direitos e desemprego", repetida como um mantra por Jair Bolsonaro, possui omissões escandalosas. Omite a responsabilidade de empresários, banqueiros, investidores e do governo. E, óbvio, omite quais direitos serão tirados dos trabalhadores. Férias? Licença-maternidade? Descanso semanal remunerado?

Resultado prático: vão aflorar ainda mais os empregos informais, muitas vezes intermitentes, com salários menores. Sem FGTS, aviso prévio, hora extra, adicional noturno, décimo terceiro.

2. O seu plano de governo omite as palavras "milícia", "PCC", "contrabando de armas". Omite a banda podre do Legislativo do Rio de Janeiro.

3. Em checagem realizada após o incêndio do Museu Nacional, a Agência Lupa destacou que o plano de governo de Bolsonaro "não menciona propostas para a cultura e política de museus". Omite.

Resultado prático dos itens 2 e 3: o simples enfrentamento do bandido pobre, morador de favela, sem oferecer alternativa pela cultura, vai aumentar a violência e multiplicar casos como o do menino Marcos Vinícius da Silva, de 14 anos, morto com o uniforme da escola durante um tiroteio na favela da Maré.

São três evidências que mostram que as propostas de Bolsonaro, na prática, possuem efeito inverso. Mas isso Bolsonaro omite.

Contador

Estamos trabalhando há 175 dias sem saber quem matou —e quem mandou matar— Marielle Franco.

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