Linha Amarela é fechada em 2º dia seguido de tiroteios no Rio

A via margeia a favela Cidade de Deus, de onde partiu uma série de disparos


Policial militar em posição de tiro durante tiroteio na Cidade de Deus, zona oeste do Rio, nesta quinta (1) - REUTERS

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Rio de Janeiro | UOL

Tiroteios fecharam a Linha Amarela, uma das vias expressas mais importantes do Rio, por quase uma hora na manhã desta quinta-feira (1º). De acordo com o Centro de Operações Rio, as pistas nos dois sentidos foram bloqueadas por volta das 8h10. As interdições foram desfeitas cerca de 40 minutos depois. Esse é o segundo dia em que a via ficou fechada pelo mesmo motivo

Os motoristas ficaram retidos nas imediações da Cidade de Deus, favela que é margeada pela via, e alguns chegaram a sentar no chão e se protegeram atrás dos carros até que o tráfego fosse liberado. Outros esperavam em pé do lado de fora do veículo.

Imagens de câmeras de trânsito mostraram um carro da Polícia Militar parado em uma das alças de acesso, e homens fardados se protegendo atrás das muretas e apontando armas em direção à Cidade de Deus.

Segundo informações da PM, não havia operação na comunidade da zona oeste. Uma equipe que passava pela via teria sido atacada a tiros por criminosos, o que demandou uma reação policial. Não há registro de feridos.

A estrada Miguel Salazar Mendes de Moraes e a rua Edgard Werneck, em Jacarepaguá, também ficaram fechadas por quase uma hora. Até as 9h, o trânsito era intenso na região. Havia reflexos desde o Via Parque, no Recreio dos Bandeirantes, até a Linha Amarela. O congestionamento chegou até o túnel da Covanca, na Barra da Tijuca.

Em entrevista à "BandNews", o porta-voz da PM, major Ivan Blaz, defendeu as operações na comunidade e disse que "apenas colocar policiamento na via não basta". "É fundamental que tenhamos intervenção no terreno. Esses marginais investem contra as pessoas de bem."

A Linha Amarela é uma das vias de ligação entre os bairros da região de Jacarepaguá (zona oeste) e áreas da zona norte, além de permitir que os veículos cheguem ao centro do Rio pela avenida Brasil.

TRÊS MORRERAM NO DIA ANTERIOR

Na quarta-feira (31), uma operação da PM deixou ao menos três suspeitos mortos e levou ao bloqueio da via em razão dos tiroteios entre policiais e criminosos. Protestos com barricadas de fogo deixaram motoristas em pânico. O trânsito só foi liberado por volta das 13h.

O secretário de Estado Segurança Pública do Rio, Roberto Sá, afirmou que o Rio passa por um momento muito delicado e que situações como a que ocorreu na Linha Amarela são uma resposta do tráfico de drogas à ação da polícia.

"É lamentável mais uma vez perceber que uma via importante como a Linha Amarela foi fechada devido a uma situação de violência. Mas isso aconteceu em razão da polícia estar ali trabalhando para tentar evitar delitos contra a nossa sociedade", disse.

Em entrevista à "GloboNews", o ministro da Defesa, Raul Jungmann, definiu o bloqueio da Linha Amarela em decorrência do tiroteio como um "fato grave e extremamente lamentável". No entanto, ele ponderou que há um alarmismo por parte da imprensa ao apresentar a situação da segurança no Estado.

"É preciso fazer a denúncia, mas é preciso equilibrar um pouco as críticas. E mostrar que há resultados, ainda que pequenos, ainda que não sejam o que a gente espera", afirmou.

MAIS FREQUENTES

O Fogo Cruzado, serviço colaborativo e não oficial que mapeia tiroteios no Rio de Janeiro, registrou 688 tiroteios e disparos de armas de fogo no primeiro mês deste ano na região metropolitana. O dado, divulgado nesta quinta-feira (1º), representa uma média de 22 ocorrências por dia e é o maior (do ranking mensal) já observado desde que o Fogo Cruzado começou a funcionar, em 5 de julho de 2016.

Em comparação com janeiro do ano passado, houve um crescimento de 117%, de acordo com o levantamento. Há exatamente 12 meses, o Fogo Cruzado divulgava o balanço de janeiro com 317 disparos ou troca de tiros.

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