Funcionário da prefeitura ordenou pintura irregular em parede de convento

Fachada de prédio tombado foi pintada de bege em SP; assessor foi demitido

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São Paulo

A Prefeitura de São Paulo identificou e demitiu um funcionário suspeito de comandar o serviço de pintura da fachada do convento São Francisco, no centro da capital paulista.

O prédio, da década de 1940, é tombado pelos órgãos do patrimônio histórico do município e do estado de São Paulo e amanheceu com dois de seus sete andares pintados de tinta bege no final do mês passado. A reforma, porém, não havia sido autorizada pelos frades que administram o espaço.

O servidor afastado da gestão Bruno Covas (PSDB) era assessor técnico da Secretaria Municipal de Prefeituras Regionais. O nome dele não foi divulgado. Segundo a prefeitura, o funcionário admitiu que pediu indevidamente a pintura no prédio mesmo sem ordens superiores.

A prefeitura também disse que a empresa terceirizada responsável pela pintura da fachada será multada “por agir sem ter recebido ordem de serviço”.

O Departamento de Patrimônio Histórico vai comandar a restauração. Além da fachada, também grades, janelas, placas e portas de madeira foram manchadas. O processo de retirada da pintura, segundo a prefeitura, não encontrará dificuldades porque a tinta utilizada é à base de cal e água.

A pintura não autorizada causou espanto entre os frades e os moradores que circulam pela região onde o convento está localizado.

Desde o ocorrido, a prefeitura negou ter emitido ordem de serviço para pintar a fachada do convento e afirmou que o restauro do prédio é de responsabilidade de seus administradores. Câmeras de segurança de um estacionamento em frente ao prédio gravaram dois homens pintando o convento com mangueiras. A ação ocorreu na madrugada.

O guardião do convento, o frei Luiz Mário Tagliari, disse à Folha que os andares mais baixos do convento tinham muitas pichações, mas, segundo ele, uma reforma demandaria gastos expressivos, além das devidas autorizações dos órgãos competentes. “É um projeto caro de restauro, oneroso. Não é só pintar.”

Tagliari afirmou ainda que o então prefeito João Doria (PSDB) esteve no convento no ano passado para conhecer as obras sociais do local e teria prometido angariar fundos, junto à iniciativa privada, para restaurar devidamente a fachada do convento. O projeto, disse o frade, não foi em frente.

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