Fifa quer limitar comissão de empresários do futebol a 5%

Agentes são contra, mas federação pretende implantar medida até julho

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Alex Sabino
São Paulo

A implantação de um teto nas comissões pagas em transferências de jogadores colocou a Fifa em conflito com importantes empresários do futebol mundial. Há duas semanas, a entidade buscou consenso com 25 deles sobre o assunto. Não conseguiu.

"O encontro não foi nada produtivo", afirma o advogado brasileiro Marcos Motta, especializado em legislação esportiva internacional. 

Em 2016 a Fifa montou grupo de estudos para regulamentar a atuação dos agentes. A questão central passou a ser a porcentagem que eles recebem a cada negociação. 

A entidade quer colocar teto de 5% do valor da transferência. Nenhum empresário poderia receber mais do que isso. Hoje não há regra, apenas recomendação de que seja pago 3%. O conselho é ignorado por clubes e agentes.

Empresário de Pogba, Mino Raiola embolsou quase metade dos 103 milhões de euros da negociação de Pogba, seu cliente, ao Manchester United (ING) - David Klein/REUTERS

Na compra de Paul Pogba pelo Manchester United (ING) em 2016 por 103 milhões de euros (R$ 455 mi), o empresário italiano Mino Raiola embolsou 47,27 milhões de euros (R$ 209 mi), 46% do total.

Em janeiro deste ano, a Uefa divulgou estudo das transferências entre 2013 e 2017. Na média, os agentes ficaram com 13% de comissão. 

"Em duas mil negociações analisadas, as comissões variaram entre 12% e 13%. A comissão típica para pequenas negociações inferiores a 100 mil euros [R$ 441 mil] foi de 40%, caindo para 9% nas de 5 milhões de euros [R$ 22 mi] ou mais", diz o texto da Uefa.

"A Fifa também quer divulgar as informações referentes às comissões de empresários. É tentativa de dar maior transparência", completa Motta. 

A ideia da entidade é colocar as normas em prática em junho ou após a Copa do Mundo, que acaba em 15 de julho.

Há outras propostas, como a volta do registro Fifa para os agentes e o impedimento para que o empresário remunerado por algum serviço de assessoria possa ser comissionado pelo mesmo clube por compra ou venda de jogadores.

"Não havia empresários no grupo de estudos da Fifa. Constatou-se que as regras variavam de país para país. Havia onde era necessário apenas um seguro para ser agente, em outros lugares ainda era pedida prova de conhecimentos. Percebeu-se que o regulamento não atingiu seus objetivos", afirma o advogado Pedro Zaithammer, da SV Sports.

Para o encontro, a Fifa chamou 25 agentes. As propostas foram rechaçadas por eles, mas a entidade não precisa de aprovação para mudar as regras de transferências.

A Folha pediu informações à Fifa sobre as mudanças, mas não recebeu resposta até a conclusão desta edição.

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