Mulheres criam projeto para denunciar e analisar canções machistas
No ar deste esta terça (3), o Música Machista Popular Brasileira examina mais de cem composições
Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados
Você atingiu o limite de
5 reportagens
5 reportagens
por mês.
Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login
Um grupo de mulheres lançou, nesta terça-feira (3), um diretório de composições consideradas machistas, o Musica Machista Popular Brasileira (MMPB).
Quando o visitante clica no botão embaralhar ("dá um shuffle"), a plataforma a seleciona aleatoriamente uma das canções do acervo. Além da letra e do vídeo da faixa, é exibido o motivo pelo qual a composição é considerada problemática.
O projeto é uma criação da publicitária Lilian Oliveira, 28, com a especialista em UX (experiência do usuário) Carolina Tod, 27, e as diretoras de arte Rossiane Antúnez, 27, e Nathalia Ehl, 31.
"A gente usa muito a nossa criatividade a favor de empresas e grandes marcas, mas às vezes a gente pode usar isso a favor da gente, como com a causa feminista", diz Oliveira.
Ela conta que a ideia do projeto surgiu após a polêmica de "Só Surubinha de Leve", funk do MC Diguinho que despontava como um candidato a hit de Carnaval neste ano.
A faixa, cuja letra dizia "taca a bebida/ depois taca a pica/ e abandona na rua", foi acusada de fazer apologia do estupro e retirada de plataformas de streaming.
"Quando essa polêmica surgiu, as pessoas começaram a demonizar o funk, mas em todos os estilos da música brasileira a gente vê nuances de machismo", diz a publicitária.
A ideia é que o MMPB, diz Oliveira, não fique restrito a alguns estilos musicais. "Tem muita gente que não entende, mas o cenário musical é reflexo da nossa sociedade."
Oliveira cita "Nosso Sonho", de Claudinho e Buchecha, como um exemplo encoberto pelo cancioneiro nacional. "É uma música mega romantizada, e chega ao final e a menina [para quem o locutor se declara] tem 12 anos", diz.
"Os teus cabelos cobriam os lábios teus/ Não permitindo encontrar os meus/ E você é baixinha. Gatinha, eu vou parar/ Mas tudo isso porque eu me sinto corão/ Tu tens apenas metade da minha ilusão/ Seus doze aninhos permitem somente um olhar", diz a letra.
"Encontramos muita apologia do estupro e as pessoas não entendem que isso é sintomático do que a gente vive", diz ela.
No primeiro dia ao ar, a plataforma recebeu mais de 60 sugestões de faixas a serem analisadas, elogios e críticas que apelidaram o projeto de "música moralista".