Ignorando 'temas femininos', mulheres debatem mercado da música

Segunda edição do Women's Music Event acontece até sábado com painéis, workshops e shows em SP

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São Paulo

Quem conferir a programação da segunda edição do Women's  Music  Event pode ser surpreendido: não há ali o que geralmente supõe se tratar de temas femininos.

A conferência, que acontece até este sábado (17), no Centro Cultural São Paulo, em São Paulo, promove painéis e workshops sobre o momento atual do mercado da música. Há ainda shows e festas em outros locais.

O evento leva esse nome porque coloca exclusivamente mulheres –neste ano são cerca de 90, entre artistas e profissionais desse mercado–, na posição de protagonismo ao debatê-lo.

"Trabalho com música há quase 15 anos. Sempre nos dão um espacinho para falar ‘o que é ser mulher na música’, mas gente, o que é ser mulher na música?", diz Monique Dardenne, uma das idealizadoras.

"A discussão não gira em torno do feminino, não temos essa ambição", diz a jornalista e coidealizadora do evento Claudia Assef.​

Claudia Assef e Monique Dardenne, idealizadoras do Women's Music Event (WME)
Claudia Assef e Monique Dardenne, idealizadoras do Women's Music Event (WME) - Divulgação

"O que a gente quer é ser um momento de avalanche de informação para que daqui a dez anos a gente não precise existir como Women's Music Event", diz Assef.

Nesta edição, o evento discute, por exemplo, direitos autorais, a transformação do rap em mainstream, gestão de carreiras e potencializarão de ganhos com a música.

A conferência é um dos braços de uma plataforma que tem como propósito incentivar maior empregabilidade dessas profissionais no ramo. No site, há um banco de dados com contatos de mulheres que atuam em mais de 30 diferentes áreas da indústria.

"A gente participou de um projeto em que 5% eram mulheres. Eu estava amamentando quando participei do painel final e, naquele momento, parei para pensar com quantas mulheres eu já havia trabalhado em todos esses anos", disse Dardenne. "Nunca eram a dona da agência, ou a gerente."

Antes de criar o WMEDardenne foi gerente da Skol  Music e realizou no Brasil o Boiler Room, que transmitia ao vivo DJs renomados tocando em diferentes lugares do mundo. "Parei para pensar quantas mulheres eu incluí no projeto: de 60, só três", afirma.

Recentemente, 46 festivais de música ao redor do mundo se comprometeram a aumentar a igualdade de gêneros com 50% de mulheres em suas programações antes de 2022.

"Acho um caminho interessante, mas não podemos pensar como uma cota", diz Assef. Para ela, é preciso ter uma motivação genuína, e não intuito de cumprir uma obrigação para dizer que está antenado com o mercado.

Ela afirma que boa parte do público que compareceu à primeira edição da conferência era formada por homens e que eventos semelhantes ao WME, como a Sêla e o Sonora SP, já têm influenciado line-ups de outros festivais que querem ser inclusivos.

WOMEN’S MUSIC EVENT 2018
ONDE Centro Cultural São Paulo, r. Vergueiro, 1000
QUANDO até sáb. (17), a partir das 14h30
QUANTO R$ 40; veja a programação completa em womensmusicevent.com.br

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