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Delírio dos bailes se funde ao drama em 'Pose'

Produção apresenta elenco quase todo composto de gays ou transgêneros latinos e negros

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Teté Ribeiro

A atriz Indya Moore, 23, interpreta Angel na série "Pose" - Divulgação

Pose

Avaliação: Ótimo
  • Quando: Temporada completa no Fox App (para assinantes) em 28/9; na TV, um episódio por semana, às terças, às 22h, no Fox Premium

​Os anúncios da série diziam: "Este é o maior elenco transgênero na história da TV americana". Que isso ainda seja assunto em 2018 já responde a parte da pergunta acima. Apesar de parecer que este é um momento cheio de transgêneros na cultura pop, até "Pose" não existia um seriado de primeira linha dedicado a esse público e com esse elenco.

"Pose" tem pedigree. Foi cocriada pelo superprodutor e diretor Ryan Murphy, de "Glee", "Nip/Tuck", "American Crime Story" e "Feud".

E se passa no final dos anos 1980, época em que o exibicionismo foi elevado à condição de arte. Era assim com os ricos e era assim também na cultura underground, povoada pelos excluídos da sociedade racista e homofóbica dos subúrbios americanos.

É nessa segunda turma que se passa a maior e mais divertida parte de "Pose", que mostra as batalhas nos bailes gays, em que transexuais e homossexuais, quase todos latinos ou negros, se vestiam como se fossem a uma festa real para competir em categorias como "vestido de noite de alta-costura" ou "faça como a realeza" ou, ainda, "carão".

No primeiro episódio, uma transgênero, Blanca, recebe a notícia de que é HIV positivo e decide pôr em prática seus sonhos. Entre eles está montar uma casa só sua, onde pode fazer o papel de mãe para outros meninos e meninas.

Sai do lugar onde vivia, em que a mãe era a personagem central da série, Elektra Abundance, e monta seu próprio canto. Naquela cultura, as casas eram tanto um time para competir nos bailes quanto um lar. E a mãe era quase sempre uma transgênero que mantinha seus filhos adotivos sob as asas,treinando-os para as competições.

Blanca é uma mãe carinhosa e durona, que começa a formar sua prole quando encontra Damon, um jovem negro botado pra fora de casa. Depois vêm Lil Papi, um latino, e Angel, outra transexual.

Angel se envolve com um homem branco casado e se muda para um apartamento onde é tratada como uma autêntica "teúda e manteúda".

A parte séria do seriado não economiza no melodrama. Elektra, por exemplo, apesar de ser a deusa dos bailes, quer fazer uma operação de mudança de sexo a contragosto de seu amante rico.

"Pose" deve ser vista. Se não pela qualidade dramática, pela diversão dos bailes e pela cena dos anos 1980, em que os transexuais eram botados para fora de bares gays por preconceito. Muita coisa mudou, mas muita coisa continua perigosamente parecida.

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