Chinesa poderá pagar mais R$ 2 bi por CPFL

CVM determina que State Grid  aumente valor por subsidiária de energia renovável

Shu Yinbiao, presidente do Conselho de Administração da State Grid - Denis Balibouse/Reuters

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Taís Hirata
São Paulo

Uma das maiores aquisições recentes do setor elétrico, a compra da CPFL pela chinesa State  Grid, poderá ter um valor ainda mais elevado.

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) rejeitou o preço oferecido pela companhia chinesa à CPFL Energias Renováveis, subsidiária do grupo CPFL Energia.

O valor, de R$ 12,2 por ação, foi apresentado em uma OPA (oferta pública de aquisições de ações) --processo que era obrigatório para dar a oportunidade aos acionistas minoritários de escolherem se permaneceriam no negócio com a nova controladora.

O grupo de acionistas, porém, questionou o preço proposto na CVM.

O órgão atendeu ao requerimento e avaliou que o valor deveria ser de, no mínimo, R$ 16,69 e, no máximo, R$ 20,48, segundo cinco diferentes cálculos feitos pela comissão, com metodologias variadas.

Com a decisão, a State Grid terá de desembolsar entre R$ 1,09 bilhão e R$ 2,02 bilhões a mais para comprar os 48,4% da CPFL Energias Renováveis ainda sob controle de outros acionistas, como os fundos Pátria, o Arrow, o banco BTG Pactual, entre outros.

A empresa chinesa e a CPFL afirmaram, por meio de comunicado ao mercado, que a State Grid vai recorrer. Procuradas, as empresas não quiserem comentar.

AQUISIÇÃO BILIONÁRIA

O grupo chinês concluiu a compra de 54,64% da CPFL Energia (controladora da subsidiária de renováveis) em janeiro de 2017, adquirindo a parcela da Camargo Corrêa e de fundos de pensão.

O valor total pago pelo grupo foi de cerca de R$ 14,19 bilhões --R$ 25,51 por ação, com um prêmio de 29% em relação ao preço da ação no dia. O valor de R$ 12,2 por ação, pela CPFL Renováveis, por sua vez, representou um desconto de 6%.

Essa diferença é que levou à reclamação dos acionistas minoritários, que alegam que a chinesa deu tratamento desigual aos acionistas da controladora e da subsidiária. Os minoritários também rechaçaram a metodologia apresentada pela State Grid --e, segundo um representante a par da operação, a própria CVM fez críticas ao cálculo.

A conta apresentada pela chinesa se baseava na geração de caixa das empresas no momento da oferta, o que não levaria em conta o potencial de crescimento da CPFL Energias Renováveis. A subsidiária tinha parcela considerável de ativos ainda em fase pré-operacional e, além disso, sua atividade tem uma curva de crescimento maior do que uma empresa de distribuição, como é o caso da controladora, argumentam os minoritários.

A avaliação das empresas é que dificilmente o colegiado da CVM reverterá a decisão, por causa do tom contundente do ofício.

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