Aos 72, empresária quer ampliar firma que abriu há 5 anos

Trabalhar de segunda a sexta-feira o dia todo me faz bem, diz ex-professora 

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Maria José de Sá Del-Debbio, 72, que virou empreendedora há cinco anos - Adriano Vizoni/Folhapress

Aos 72 anos, Maria José de Sá Del-Debbio é uma jovem empreendedora. 

A ex-professora lançou seu negócio de ambientação e decoração floral de festas há cinco anos e nem passa por sua cabeça parar.

Quando resolveu abraçar a empreitada, convenceu o marido —que tinha acabado de se aposentar— a trabalhar com ela.

“Já pensou homem aposentado em casa?”, pergunta em tom de brincadeira.

Na divisão de tarefas, ele cuida do financeiro e ela da estratégia e da parte criativa.

“Ele se adaptou muito bem. Só briga um pouco comigo porque precisa controlar os custos e eu gosto de coisa bonita, o que às vezes sai caro”, comenta.

Mazéapelido de Maria José que dá nome à Mazeflordesign só se sentiu livre para se dedicar totalmente ao trabalho quando o casal de filhos “estava criado”.

Não que antes se sentisse sem uma ocupação. Pelo contrário. 

“Quando meus filhos nasceram, larguei o magistério porque quis. Foi uma decisão minha porque meu perfil é de alguém que não consegue fazer tudo junto”, afirma.

“Embora tivesse muitos outros sonhos, achei melhor realizá-los aos poucos”, diz. 

Mazé não se arrependeu da decisão, embora relate que nem sempre foi fácil. 

Nunca esqueceu, por exemplo, o dia em que outra mãe com quem se revezava para buscar as crianças na escola lhe perguntou: “Mas por que você precisa trocar de dia? Você não faz nada”. 

“Não é fácil, sempre alguém vai te criticar por algo. Mas hoje fico feliz por não ter ouvido os outros, por ter mantido meu foco.”

Quando a filha se casou e foi morar fora, Mazé sentiu que era hora de voltar a ter uma ocupação profissional:

“Foi um momento difícil para mim, senti um certo vazio”. 

Apaixonada por artes e música, ela tinha se envolvido com a decoração do casamento da filha e foi convidada pela decoradora oficial da festa a trabalhar com ela. 

Fez isso por nove anos, até que, movida pela insistência de amigos e familiares, decidiu que era hora de abrir seu próprio empreendimento.

“Trabalho de segunda a sexta o dia todo. Isso me faz muito bem. Amo o que eu faço. Nem penso em parar. Pelo contrário, tenho muitos planos”, diz ela. 

Valor do trabalho

A maioria dos brasileiros tem a mesma opinião de Mazé sobre a relação entre trabalho e bem-estar na fase da maturidade. 

Manter-se trabalhando ocupa o primeiro lugar na lista dos entrevistados pelo Datafolha de fatores que contribuem para uma velhice saudável. Numa nota de 0 a 10 para cuidados que tomam, continuar trabalhando recebe a maior nota dos brasileiros: 7,7.  

Continuar ocupado também é uma das estratégias para ter uma velhice mais confortável: média 8 entre toda a população, abaixo da de relacionar-se com a família, que chega a 9.  

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