Dólar sobe para R$ 3,45 com aumento do rendimento de títulos americanos

Moeda americana atingiu maior nível desde dezembro de 2016; Bolsa fecha quase estável

Dólar atinge maior patamar desde dezembro de 2016 com aumento dos rendimentos de títulos americanos - Mark Wilson/Getty Images/AFP

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Danielle Brant
São Paulo

O dólar acompanhou o exterior e fechou em alta nesta segunda-feira (23), cotado a R$ 3,45, pressionado pelo aumento dos rendimentos de títulos de dívida dos Estados Unidos. A Bolsa brasileira teve leve alta em dia de forte noticiário corporativo.

O dólar comercial subiu 1,17%, para R$ 3,453, no maior nível desde 2 de dezembro de 2016, quando fechou a R$ 3,473. O dólar à vista, que fecha mais cedo, se valorizou 0,99%, para R$ 3,442.

A Bolsa brasileira teve valorização de 0,06%, para 85.602 pontos.

A alta da moeda americana ocorreu em linha com outras divisas globais. O dólar ganhou força ante 29 das 31 principais moedas do mundo.

A valorização se deu em meio a um aumento dos rendimentos dos títulos de dívida americanos. Os papéis com vencimento em dez anos encostaram em 3% ao ano, maior patamar desde 2014.

A preocupação dos investidores é de que uma potencial pressão do recente aumento dos preços de commodities, como petróleo, sobre a inflação americana possa levar a um ritmo mais forte de altas de juros pelo banco central dos Estados Unidos.

Os títulos de dívida dos EUA são considerados aplicações seguras pelos investidores. O aumento dos rendimentos tende a atrair para esses papéis dinheiro hoje aplicado em Bolsa e em emergentes, como o Brasil. Esse fluxo provoca a valorização do dólar, pela saída dos recursos desses mercados em direção aos títulos de dívida americanos.

Os investidores esperam que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) faça três aumentos de juros neste ano, mas há analistas que já veem quatro altas, o que contribui para a valorização do dólar. 

"Os investidores mostraram preocupação com os juros lá fora, o que provocou esse movimento de alta no dólar aqui", afirma Marco Tulli, gestor da mesa de operações da corretora Coinvalores.

O Banco Central vendeu o lote de 3.400 contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). O BC já rolou US$ 1,87 bilhão dos US$ 2,565 bilhões que vencem em maio.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) teve alta de 0,31%, para 169,9 pontos. 

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram sinais mistos. O DI para julho deste ano caiu de 6,252% para 6,245%, e o DI para janeiro de 2019 fechou estável em 6,215%.

AÇÕES

A Bolsa fechou estável, em dia marcado pelo noticiário corporativo.

Das 64 ações do índice Ibovespa, 33 caíram e 31 subiram.

As ações da Kroton subiram 5,26%, após a empresa anunciar a compra da Somos Educação por R$ 4,6 bilhões. Os papéis da Somos dispararam 49,3%. A Lojas Americanas avançou 3,36%, e a Magazine Luiza se valorizou 3,05%. 

Na ponta negativa, a Hypera liderou as baixas do ibovespa, ao cair 5,6%, ainda em meio a investigações sobre a delação premiada de um ex-executivo da empresa.

Em comunicado ao mercado, a Hypera diz que "apura os fatos relacionados à colaboração premiada do Sr. Nelson José de Mello e continuará a colaborar com as autoridades e a adotar todas as providências cabíveis para a defesa de seus interesses e de seus acionistas".

A empresa negou ainda ter realizado alterações na composição da administração.

Os papéis da Natura caíram 2,63%, e a Usiminas recuou 2,31%.

No primeiro IPO (oferta pública inicial de ações) do ano, as ações da NotreDame  Intermédica  subiram 22,73%. 

Os papéis da Petrobras fecharam com sinais mistos, apesar da valorização dos preços do petróleo no exterior. As ações mais negociadas avançaram 0,54%, para R$ 22,48. Os papéis com direito a voto recuaram 0,33%, para R$ 24,35.

A mineradora Vale perdeu 0,27%.

No setor financeiro, os papéis de bancos tiveram desempenho misto. O Itaú Unibanco subiu 0,18%. As ações preferenciais do Bradesco caíram 0,03%, e as ordinárias avançaram 0,25%. O Banco do Brasil caiu 1,81%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil subiram 0,90%.

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