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França cogita instalar telefone fixo em prisões após apreender 40 mil celulares

Para governo, 'lutar contra a presença de celulares é batalha perdida'

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RFI

Mais de 40 mil celulares e acessórios, como carregadores e chips, foram apreendidos nas 180 prisões francesas em 2017. Diante da dificuldade para conter a proliferação, as autoridades preveem instalar telefones fixos dentro das celas.

O número de aparelhos apreendidos nas prisões do país não parou de crescer nos últimos dez anos. A tal ponto que a Direção de Administração Penitenciária (DAP) da França já declarou que "lutar contra a presença de celulares é uma batalha perdida". ​

Cerca de arame farpado da prisão de Baumettes, em Marselha, no sul da França - Bertrand Langlois - 9.dez.16/AFP

Segundo as autoridades do país, os aparelhos são introduzidos nas prisões durante as visitas ou são lançados do lado de fora para dentro da área de banho de sol. Além disso, muitos telefones contêm poucos componentes feitos de metal, o que torna mais difícil encontrá-los durante as revistas.

A presença de celulares nas penitenciárias preocupa pois ela abre a porta para outros crimes.

"A radicalização, a preparação de fugas e todos os tipos de tráfico são feitos por meios das redes (via telefone)", explica Emmanuel Baudin, do sindicato para as penitenciárias.

Além disso, com a entrada dos aparelhos nas prisões, se multiplicaram também os vídeos feitos pelos próprios detentos, que são divulgados em seguida nas redes sociais. O caso mais recente foi o do rapper Kaaris, preso após uma briga com seu rival Booba no aeroporto de Paris.

Diante da situação, as autoridades lançam duas operações. A primeira delas é a ampliação do uso de sistemas que provocam interferências nos celulares, impedindo as comunicações.

Atualmente, 804 equipamentos do gênero estão instalados, mas apenas 10% funcionam corretamente. Os demais se tornaram obsoletos com os avanços tecnológicos da telefonia celular.

A ministra francesa da Justiça, Nicole Belloubet, já havia anunciado o desbloqueio de uma verba de € 15 milhões (R$ 70 milhões) para reforçar o sistema de interferência das linhas de celulares dentro dos presídios.

Mas a medida que suscita mais debate é a instalação de 50 mil telefones fixos dentro das celas. O objetivo, segundo os idealizadores do projeto, é não isolar os detentos de seus familiares.

O governo do presidente Emmanuel Macron já validou a iniciativa, que vinha sendo solicitada há anos pelas associações de apoio aos detentos.

Um programa piloto já foi testado em 2016 e 2017 na prisão de Montmédy, no leste do país. Os resultados foram considerados "muito positivos", pois teriam reduzido as tensões dentro das penitenciárias e também o número de celulares apreendidos.

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