Descrição de chapéu Eleições 2018

Com regras duras de campanha, grupo quer eleger bancada suprapartidária

As lideranças serão lançadas pelo Acredito neste sábado (28), com eventos em vários estados

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Joelmir Tavares
São Paulo

Um ano depois de ser fundado, com o lançamento de um manifesto contra a polarização política e pelo fim da desigualdade social, o Acredito, movimento suprapartidário em busca de renovação política, apresentará pessoas que querem provar que isso tudo é possível.

Renan Ferreirinha e Tabata Amaral, que vão participar das eleições neste ano - Pedro Ladeira - 20.jun.18/Folhapress

São 24 pré-candidatos de nove partidos (Rede, PPS, PV, PDT, PSOL, Podemos, PHS, PROS e PSB) que tentarão vagas na Câmara dos Deputados (11 deles), em Assembleias Legislativas (12 postulantes) e no Senado (um político de Sergipe).

A organização foi criada por jovens ligados ao meio acadêmico, com passagens por universidades como Harvard (EUA), e faz parte de uma cena nacional surgida nos últimos dois anos que reúne grupos como Agora!, RenovaBR, Brasil 21 e Frente Favela Brasil.

As lideranças que o Acredito lançará de forma simultânea neste sábado (28), com eventos em vários estados, passaram por uma fase de seleção interna e tiveram que se comprometer com regras de campanha mais rígidas que as determinadas em lei.

Na peneira do movimento, um terço dos selecionados tinha que ser negro e outro terço tinha que ser composto por mulheres. O candidato a candidato também não podia ter ocupado cargo eletivo antes nem ser de família de políticos. E precisava aderir ao compromisso de fazer campanhas baratas e financiadas da maneira mais limpa possível.

O coletivo exige, por exemplo, que um concorrente a deputado federal não ultrapasse 50% do teto de gastos previsto pela Justiça Eleitoral para candidaturas ao cargo. Como o máximo autorizado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é R$ 2,5 milhões, significa que o membro do movimento não pode usar mais que R$ 1,2 milhão.

Os limites do grupo para deputado estadual e senador também são menores que os fixados pelo tribunal.

Da mesma forma, a norma para a relação com doadores é mais linha-dura que a do TSE. Um membro do Acredito não pode, por exemplo, aceitar que o mesmo CPF banque mais que 20% do valor do teto de gastos. Já o tribunal não impõe essa restrição.

"Isso é para incentivar que as campanhas se tornem mais baratas e sejam financiadas por fontes pulverizadas", diz Samuel Emílio Melo, coordenador nacional do grupo.

"E também que sejam mais transparentes e colaborativas", completa Daniela Krausz, coordenadora de renovação.

Sempre que explicam seus procedimentos, os porta-vozes dizem que os pré-candidatos tiveram que se alinhar aos valores éticos e às propostas da organização —basicamente se comprometer com a redução da desigualdade, o respeito a uma sociedade diversa e plural e a defesa de um Estado nem mínimo nem grande, mas eficiente.

Entre os que enfrentarão as urnas estão Renan Ferreirinha (pré-candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro pelo PSB), Tabata Amaral (pré-candidata a federal pelo PDT em São Paulo) e Thaynara Melo (que deve concorrer a deputada federal pela Rede no Distrito Federal).

Os três também fazem parte do Renova, iniciativa de formação de novos políticos que ajuda pré-candidatos com uma bolsa.

O grupo dos 24 é heterogêneo: alguns ainda começarão a fazer campanha, outros já estão com o pé na rua e a cara nas redes. O papel do Acredito na estruturação das candidaturas é dar orientações e promover troca de experiências. Temas como arrecadação de recursos e mobilização de voluntários são discutidos em grupos de WhatsApp.

Se muitos serão eleitos, em disputas comumente marcadas pelo poder do dinheiro e do marketing, ainda é uma pergunta sem resposta.

"A gente quer ter sucesso eleitoral, mas quer, em primeiro lugar, ter sucesso político", afirma José Fred Lyra Netto, um dos fundadores e hoje pré-candidato a deputado federal pela Rede em Goiás.

"Uma conquista será ver que conseguimos engajar os cidadãos. Para nós, existe um potencial eleitoral no tipo de prática que estamos propondo", segue ele.

Com a eleição de alguma das lideranças apoiadas, terá início a fase de exercer o mandato também de maneira inovadora, com participação maior dos cidadãos e acompanhamento de conselhos técnicos compostos por especialistas convidados.

Se mais de um candidato a deputado federal chegar à Câmara, mesmo que eles sejam de partidos diferentes, a ideia é criar um gabinete único, baseado nos valores em comum. "Vai virar um coworking, um espaço compartilhado de trabalho", explica José Fred.

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