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Conta administrada por filha de Serra recebeu R$ 1,78 mi

Documentos de depósitos na Suíça reforçam suspeita de caixa dois do tucano

O senador José Serra (PSDB-SP), ex-candidato à Presidência (2010), no Plenário do Senado federal durante sessão - Pedro Ladeira - 22.nov.2017/Folhapress

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Daniel Carvalho Mario Cesar Carvalho
Brasília e São Paulo

Documentos bancários enviados pelas autoridades suíças à PGR (Procuradoria Geral da República) mostram que Veronica Allende Serra, filha do senador José Serra (PSDB-SP), é uma das administradoras de uma conta naquele país que recebeu 400 mil euros (R$ 1,78 milhão)

A informação foi revelada pela Rede Globo e confirmada pela Folha.

O dinheiro foi depositado por uma empresa offshore que tem entre seus procuradores um lobista da Alstom, José Amaro Pinto Ramos. A multinacional francesa está envolvida em uma série de processos relacionados ao Metrô de São Paulo. 

 

Na quarta-feira (14), a documentação foi juntada pela PGR ao inquérito sobre doações da Odebrecht a Serra que está com o ministro Gilmar Mendes no STF.

Para aliados do candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, as descobertas que reforçam suspeitas de caixa dois e corrupção nas campanhas de Serra de 2006 e 2010, quando disputou o governo de São Paulo e a Presidência da República, respectivamente, representam mais um elemento de desgaste para o tucano.

O primeiro depósito na conta, segundo a documentação, ocorreu em dezembro de 2006, logo depois de Serra ter vencido as eleições para o governo de São Paulo.

Uma conta aberta no Arner Bank, em Lugano, recebeu 250 mil euros. Em fevereiro, mais 150 mil foram depositados nesta mesma conta.

A conta administrada pela filha de Serra foi aberta em nome de uma empresa no Panamá, a Dormunt International Inc. 

Suíça e Panamá são usados para esconder recursos ilícitos porque tinham, à época, uma legislação que dificultava saber quem são os verdadeiros donos do dinheiro.

Delatores da Odebrecht disseram, em acordo, que Pinto Ramos emprestou sua conta para receber recursos para Serra relacionados à linha 2 do Metrô, ao Rodoanel e a uma dívida da construção da rodovia Carvalho Pinto.

No caso da dívida da Carvalho Pinto, a suspeita investigada é de corrupção, já que a doação ilegal foi condicionada ao pagamento de uma dívida que o governo de São Paulo tinha com uma empresa da Odebrecht, no valor de R$ 191,6 milhões.

De acordo com o delator Carlos Armando Paschoal, ex-executivo da empreiteira Odebrecht, a empresa acertou uma doação de R$ 28,7 milhões para Serra em troca do pagamento da dívida em 23 parcelas. Serra disse em nota que sua filha não tem envolvimento com negócios ilícitos e que espera que as dúvidas sejam esclarecidas rapidamente. 

O advogado de Veronica, Antônio Sérgio de Moraes Pitombo, disse que só vai se manifestar após conhecer a documentação vinda da Suíça.

Procurada pela Folha, a defesa de Amaro Ramos não quis comentar o caso. As suspeitas em torno de Serra, porém, não são o único motivo de preocupação dos tucanos. 

A maré negativa começou com o depoimento de Alckmin na quarta (15) ao Ministério Público paulista no inquérito que apura se ele cometeu improbidade administrativa na modalidade enriquecimento ilícito. 
Delatores da Odebrecht dizem ter doado R$ 10,3 milhões a Alckmin via caixa dois nas campanhas eleitorais de 2010 e de 2014.

Embora integrantes da campanha digam que o desgaste provocado pelos episódios envolvendo nomes do PSDB, como Serra, o senador Aécio Neves (MG), e o próprio presidenciável, já estejam contabilizados no seu percentual de rejeição, eles querem que o ex-governador tente sair da vala comum dos envolvidos em suspeitas de corrupção.

O desgaste de Alckmin teve seguimento nesta quinta (16), quando a Folha publicou entrevista em que o presidente Michel Temer tentou relacionar o tucano a seu governo impopular. 

“Se você dissesse: ‘quem o governo apoia?’. Parece que é o Alckmin, né?”, disse Temer na entrevista.

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