MDB, PP e PTB são as siglas mais governistas
Levantamento mostra que alianças partidárias têm fortalecido sua participação nos governos que ajudam a eleger
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O antigo PMDB se tornou ícone do governismo, mas não está sozinho. Uma radiografia das alianças partidárias no Brasil mostra que a busca por sustentação política levou a um inchaço das alianças eleitorais e incentivaram partidos a ocuparem cargos sob diversos presidentes.
Na linha do tempo das últimas três décadas, três partidos emergem como os mais governistas: o rebatizado MDB, o PP e o PTB.
Essas siglas tiveram postos de primeiro escalão com Itamar Franco (1992-94), Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), Dilma Rousseff (2011-16) e Michel Temer (2016-18).
O PP, formado a partir da fusão de legendas menores com grupos derivados da Arena (que dava sustentação à ditadura militar), fincou sua bandeira em governos de diversas orientações ideológicas.
A linha do tempo também mostra que o PTB foi bem-sucedido no acesso ao poder. À exceção dos primeiros mandatos de FHC e de Dilma, a sigla foi atendida com cargos por todos os presidentes desde Fernando Collor (1990-92).
O MDB tem 100% de aproveitamento. Fraturada entre caciques regionais, a sigla conseguiu ocupar cargos cobiçados mesmo quando parte de seus integrantes estavam fora da coalizão governista.
Graças ao tamanho de suas bancadas na Câmara e no Senado, o MDB recebeu ministérios mesmo quando ficou de fora da aliança que elegeu alguns presidentes.
Em 1994, lançou Orestes Quércia ao Palácio do Planalto, mas negociou com FHC a ocupação dos ministérios da Justiça e dos Transportes. Em 2002, apoiou José Serra (PSDB) e perdeu, mas entrou no governo Lula no segundo ano de mandato.
A análise sobre o comportamento dos partidos foi feita a partir de dados dos professores André Borges, Mathieu Turgeon e Adrian Albala, do Laboratório de Pesquisa em Comportamento, Instituições e Políticas Públicas da Universidade de Brasília –acrescidos de informações da Justiça Eleitoral e da Câmara.
Nos últimos anos, as alianças eleitorais ficaram mais parecidas com os governos que surgiram após as disputas. Dilma se elegeu com nove partidos grandes e médios em 2014, e só agregou o PTB ao ministério.
“Os partidos aprenderam que é muito difícil ganhar a eleição e governar depois sem formar uma coligação sólida. Com isso, o processo de formação do governo foi antecipado”, explica André Borges.
Essa tendência só foi quebrada em 2002 e 2006, quando a Justiça Eleitoral determinou que os partidos deveriam reproduzir nos estados suas alianças na disputa presidencial —a verticalização.
Como resultado, muitos partidos ficaram neutros ou lançaram candidatos a presidente para ter mais liberdade nas disputas locais, mas entraram nos ministérios de Lula logo depois.
Em 2002, isso ocorreu com PPS, PTB e PDT, que lançaram Ciro Gomes, e com o PSB, que concorreu com Anthony Garotinho.
A multiplicação de partidos e a pulverização das bancadas no Congresso também provocaram um inchaço das alianças eleitorais e das coalizões governistas.
Como os presidentes precisam de maioria para governar, passaram a negociar coligações e ministérios com um número maior de partidos.
Em 1999, o conjunto PFL-PMDB-PSDB chegou a ter 297 deputados. Hoje, os seis maiores partidos da Câmara não chegam a esse número.
Em 2006, sob a verticalização, Lula disputou a eleição com apenas três partidos (PT-PRB-PC do B), que concentravam 97 deputados. Para governar, montou um ministério que chegou a 10 siglas e 313 deputados.
Já o impeachment de Dilma reflete tanto uma negociação antecipada e quanto uma distribuição pulverizada de cargos para a formação da base que daria sustentação a Michel Temer.
Os principais partidos que apoiaram a saída da presidente foram recompensados com cargos no governo. Mesmo o PR, que ficou oficialmente contra o impeachment, foi convidado e continuou à frente do Ministério dos Transportes.