Anjinho fascista não merece solidariedade, diz candidato sobre Bolsonaro
No Grito dos Excluídos, esquerda se divide na reação ao ataque contra presidenciável
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Apenas um “pseudoatentado" contra um "anjinho fascista” ou um ato grave que merece “toda a nossa solidariedade?"
As opiniões vieram, respectivamente, de dois candidatos ao Senado em São Paulo, Nivaldo Orlandi (PCO) e Eduardo Suplicy (PT), e dão o tom da divisão na esquerda sobre como lidar com o ataque contra Jair Bolsonaro (PSL) na véspera.
Promovido nesta sexta (7) como um evento de tintas progressistas, uma contraposição às paradas militares no Dia da Independência, o Grito dos Excluídos juntou algumas centenas de militantes na avenida Paulista, numa marcha que seguiu até o Ibirapuera. Menções ao candidato esfaqueado eram corriqueiras entre as lideranças que se revezavam no microfone.
“Muito se fala que Bolsonaro sofreu violência. Ele é a própria violência, quando diz que as mulheres podem ser estupradas. [...] Quando a gente planta vento, colhe tempestade”, disse Soninha, líder da Marcha Mundial das Mulheres. Reprisou assim a fala de Dilma Rousseff um dia antes —também a ex-presidente usou a metáfora meteorológica para defender que Bolsonaro recebeu de volta a violência que semeou.
Na mesma linha foi o candidato do PT ao governo paulista, Luiz Marinho. “Repudiamos qualquer ato de violência. Agora, preciso registrar que a pregação ao ódio pode motivar qualquer maluco”, disse à Folha.
O ex-prefeito de São Bernardo do Campo afirmou que o momento “é muito perigoso” e lembrou que o próprio presidenciável do PSL sugeriu que o ataque a tiros contra caravanas lulistas, no começo do ano, foi uma armação.
Minutos depois, interpelou a repórter: “Achei estranho não ver sangue nenhum”. A suspeita vai de encontro a uma teoria conspiratória que se popularizou nas redes sociais, a de que o atentado teria sido forjado.
No microfone, Nivaldo, do PCO, deu corda a essa tese. “Ninguém viu sangue nenhum. Vimos um grande chororô da imprensa, das lideranças ditas democratas. Agora, esse anjinho fascista, será que merece nossa solidariedade?”
À reportagem Suplicy disse que Gandhi e Martin Luther King, dois pacifistas, são os modelos a se seguir em tempos extremos como o nosso. “Estou indignado com a facada que recebeu Jair, ainda que discorde das suas ideias, das suas provocações. Não podemos tomar do cálice da violência, do ódio, da vingança.”
Minutos depois, Luiz Gonzaga Silva, o Gegê, da Central dos Movimentos Populares de São Paulo, maldizia a “burguesia escrota que tem ódio de trabalhadores”. Ele foi um dos ativistas que aderiu à greve de fome em desagravo a Lula.
Pelo ocorrido no dia anterior, explicou o locutor do carro de som, Fernando Haddad, o provável cabeça de chapa do PT, cancelou sua participação no evento. “Lembrando que Lula é Haddad, Haddad é Lula.”