Descrição de chapéu Eleições 2018

Em ato em SP, mensagem de Bolsonaro projeta vitória no 1º turno e diz 'PT não, PT nunca'

Filho de candidato diz que mulheres de direita são mais higiênicas que as de esquerda

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Artur Rodrigues
São Paulo

Aliados de Jair Bolsonaro (PSL), durante ato favorável ao candidato na avenida Paulista neste domingo (30), tentaram convencer eleitores de candidatos de centro-direita a optarem pelo militar para vencer o PT no primeiro turno. 

O evento foi uma resposta a manifestações contrárias ao candidato promovidas por mulheres em todo o país, parte do movimento #EleNão. Em vídeo gravado, Bolsonaro fez referência ao movimento, dizendo "PT não, PT nunca". 

Filho do candidato, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) apareceu no evento, representando o pai. "Aqui ninguém precisa de artista para pensar por nós", disse Eduardo, motivado pelos vários atores globais que engrossaram o #EleNão. 

O discurso dele foi na linha de que, se as eleições não forem fraudadas, o pai vencerá no primeiro turno "se a urna não for fraudada". 

Em vários momentos, os aliados do candidato tentaram combater o fantasma do machismo em sua campanha. Eduardo, falando às mulheres, disse que as de direita são mais bonitas que as de esquerda. "Não mostram os peitos nas ruas e nem defecam nas ruas. As mulheres de direita têm mais higiene", disse 

Eduardo também afirmou que, se vencesse, Fernando Haddad (PT), daria indulto ao ex-presidente Lula.  "Quem aqui quer Maduro e Evo Morales na posse do presidente?", disse.

O deputado também fez críticas à imprensa e pediu aos eleitores para votar de verde e amarelo. "Vai ser lindo. Vai ser como Trump nos Estados Unidos", afirmou. 

Manifestantes participam de ato pró-Bolsonaro na avenida Paulista - Artur Rodrigues/Folhapress

Jair Bolsonaro também gravou um vídeo, que foi transmitido no ato, afirmando que ganhará no primeiro turno. "É a última chance que nós temos de nos afastarmos de vez dessa política que há 30 anos expolia o brasileiro", disse.

"PT não, PT nunca mais", afirmou o militar, modificando o bordão "ele não, ele nunca", contrário à sua eleição. 

 
Vestido de verde e amarelo, debaixo de chuva, o público gritava "ele sim" e também xingava a Rede Globo. 

Um dos presentes no carro de som, o ruralista Nabhan Garcia, citou um cenário apocalíptico em eventual vitória do PT. "Se o PT voltar não teremos dinheiro nem para limpar a bunda", disse. 

Os pronunciamentos também se voltaram a eleitores de Geraldo Alckmin (PSDB), João Amoêdo (NOVO) e Meirelles (MDB), afirmando que "não é hora de marcar posição". Trata-se de uma tentativa de convêncê-los a mudar de voto, para impedir uma vitória petista. 

Major Olimpio, candidato ao Senado pelo SOL, afirmou que Bolsonaro está a "um Alckminzinho" de vencer no primeiro turno. 

O homem que atuou como mestre de cerimônias no carro de som ainda cobrou que João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB) manifestem apoio a Bolsonaro. "Ou estão do lado do bem ou do mal. Ou vocês são Bolsonaro ou são PT", disse. "Quem está aqui e vota em vocês é pelas pessoas que vocês possam representar e não pelo partido de vocês", disse.

PÚBLICO

O ato teve um público diverso, de moradores do centro à periferia. 

Ex-eleitor do PT, o vigilante Antonio Novaes, 52, diz que se arrependeu do voto em Dilma Rousseff nas nas ultimas eleições e resolveu apostar em Jair Bolsonaro (PSL). "Ela não tinha condições, não sabia formar uma frase", disse ele, morador de Perus, na periferia da capital.

O empresário Márcio Moraes, 39, pintou a bandeira do Brasil no rosto e veio de Taboão da Serra (Grande SP) para manifestar apoio à Jair Bolsonaro. No caso ele, foi a economia que pesou.

"Há quatro anos minha empresa está quase falida", diz ele, que teve de fechar uma das três academias de sua propriedade. "Só de Bolsonaro diminuir o tamanho do estado, os gastos públicos e não fazer aliança com partido corrupto vai melhorar muito".  

Morador do centro,  o militar Elias Moreira, 28, que veio acompanhado da enfermeira Márcia Medeiros, 40, diz que foi ao evento porque Bolsonaro é o "mais honesto do Brasil". Questionado sobre a principal proposta do candidato, respondeu: "igualdade". "Tem também saúde, educação", completou Márcia.

CONFUSÕES

Durante e após o fim do ato, houve algumas confusões entre manifestantes a favor de Bolsonaro e outras pessoas.  

Uma repórter da Rádio Bandeirantes foi agredida com uma cabeçada, após ser abordada por um manifestante favorável a Bolsonaro. Além disso, a reportagem presenciou um militante do Partido Novo sendo agredido, ao passar em frente o Masp.

O supervisor de vendas Roger Meirelles, 19, também afirmou à Folha ter sido agredido com chutes por se posicionar contra Bolsonaro. Ele afirmou que foi ao local para protestar contra o militar e que votará nulo. 

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