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Inovação no Brasil: Centro-Oeste inovação

Modernização da agricultura esbarra em escassez de investimento

Agricultura de precisão já aumenta a produtividade, mas carece de adaptação

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MAURO ZAFALON
São Paulo

Até onde vai a evolução tecnológica da agricultura? A resposta de alguém que diariamente esteja debruçado em uma prancheta olhando para o futuro e desenvolvendo novos projetos para o setor será: “Não tenho ideia”.

Dá para entender. Da novidade dos pilotos automáticos aos tratores autônomos atuais passaram-se poucos anos.

O avanço tecnológico vai incorporando novas áreas. Não visa só o comodismo que as máquinas trazem aos operadores, mas embute uma série de tecnologias, como leitura das plantas e do solo.

Caminhão carregado de cana trafega em canavial próximo à Central Energética Moreno, em Luiz Antônio (SP) - Joel Silva/Folhapress

Há pouco tempo, os olhares desses inovadores do setor estavam voltados para os números. A meta era construir planilhas com o máximo possível de dados do campo e processá-los em busca de informações que trouxessem respostas práticas.

A busca por essas informações continua, trazendo resultados positivos. A tecnologia volta-se agora, contudo, para a utilização de imagens.


Inovações, como o uso de drones, permitem uma avaliação aérea de problemas ligados ao plantio, à deficiência de solo e à localização de pragas nas lavouras.

A visualização dessas deficiências já permite ao produtor atacar o problema de forma isolada, sem submeter toda a lavoura a um processo de pulverização ou adubação. A ação ocorre apenas nos locais afetados.

A agricultura de precisão permite ao produtor atuar na hora certa e no lugar certo, buscando o potencial máximo de produtividade.

A agropecuária vive mudanças, e as novas tecnologias, cada vez mais disponíveis também para médios e pequenos produtores, vão possibilitar um uso menor das áreas de plantio, compensadas por maior produtividade.

Esse avanço pode ser visto nos resultados dos anos recentes. A produção média de milho era de 2.814 quilos por hectare no centro-sul do Brasil no início dos anos 2000. Na safra passada, a média registrada foi de 7.433 quilos.

Os que utilizam uma dose maior de tecnologia obtêm volume superior a 12 toneladas por hectare. As novas tecnologias permitem avanços na gestão dos negócios, nos meios de produção e no uso de produtos mais adequados.

No caso da soja, a principal cultura agrícola do país, a produtividade saiu de 2.413 quilos, na média nacional, para 3.364 no mesmo período. Alguns produtores já conseguem média de 5.000 quilos por hectare.

É difícil medir as benesses da tecnologia no campo, mas há cálculos que indicam ganhos de ao menos 30% para  produtores. Os desafios são o preço das commodities, dos insumos e do frete, que não dependem de quem produz.

REALIDADE

Líder mundial em agricultura tropical, o Brasil tem de desenvolver uma série de produtos e máquinas adaptados à realidade do país: inseticidas à base de vírus, biopesticida, inseticidas sintéticos, controle biológico de pragas e outros agroquímicos.

Apesar da necessidade de inovação, sobretudo pela diversidade das áreas de produção, o país nem sempre dá condições ao desenvolvimento de tecnologias.

Custo elevado, burocracia e pouco investimento dificultam a evolução no setor. Atraídos pelas facilidades externas, muitos pesquisadores deixam o país. Se permanecessem, estariam criando tecnologia adaptada à realidade da agricultura tropical.

Um dos gargalos é a escassez de crédito e a ausência de financiamento para pesquisas, principalmente por parte do governo. Uma solução vai demorar. Afinal, o governo nem consegue controlar seus gastos e faltam recursos para itens básicos como saúde e educação.

É um círculo vicioso. Sem recursos, pesquisadores saem. Lá fora acabam se dedicando a projetos nem sempre voltados às necessidades do setor agropecuário brasileiro. O cenário poderia ser melhor para o país.

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