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Estréia de Jô poderia ter sido melhor

Da Folha de S.Paulo 05/04/2000 09h48
Em São Paulo

O horário foi o mesmo, os bordões foram os mesmos (“Daqui a pouco a gente volta...”), a pegadinha no braço do entrevistado foi a mesma, o conjunto musical foi o mesmo. Até o garçom foi o mesmo, embora o logotipo da caneca tenha mudado, na reestréia de Jô Soares da TV Globo, no início da madrugada de terça-feira (5).

Um pouco mais glamouroso, certamente, devido aos recursos da mais poderosa rede de TV do país, o “Programa do Jô” seguiu rigorosamente a fórmula consagrada no anterior “Jô Onze e Meia”, no SBT. Quem gostava adorou, e quem não gostava não encontrou motivos para uma mudança radical de opinião.

Talvez tenha ficado um pouco mais aliviado, esse espectador renitente, com o fato de Jô ter fechado a matraca. Já havia um bom tempo, no SBT, que ele falava mais que o entrevistado. Ontem, perguntou e ouviu, embora não resistisse vez ou outra a dizer o que achava de tudo aquilo.

O “aquilo” da estréia foi populista-institucional. Duas unanimidades telenovelísticas (o casal Tarcísio Meira e Glória Menezes), uma unanimidade futebolística (o goleiro Dida) e uma unanimidade da própria Globo, o seu proprietário, Roberto Marinho, tratado de dr. até pelo presidente da República, mas chamado de você na intimidade de Jô.

Por fim, a suposta unanimidade do samba, representado por duas gerações: a cantora Marisa Monte e os simpáticos velhinhos da Velha Guarda da Portela.

Se o programa terá fartos recursos jornalísticos, esses não foram empregados na estréia.

Mas o riquíssimo arquivo da emissora foi ativado para dourar a pílula do galã Meira. O joelho de Dida, no entanto, impediu que houvesse uma brincadeira programada (ele tentaria defender um pênalti cobrado pelo ex-jogador Sócrates). E o samba de Marisa e dos portelenses garantiu o balanço do fim da noite -para quem gosta do gênero, claro.

Sem ousadias ou revoluções, portanto: o programa do Jô Soares, na estréia, foi apenas o programa do Jô Soares.

(Luiz Caversan)

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