Índice | Próxima

Crítica: “Laços de Família” é um elogio oco à beleza

05/06/2000 22h31
da redação da Folha Online

“Laços de Família, novela que substitui “Terra Nostra” na Rede Globo, é um amontado de belezas à procura de algum conteúdo.

Da música de abertura (“Corcovado”, interpretada por João Gilberto, Astrud Gilberto e Stan Getz), passando pelas paisagens do Rio de Janeiro e principalmente pela plástica de Vera Fischer, tudo é excessivamente bonito. Mas os diálogos e as tramas da novela amontoam uma quantidade de clichês constrangedora.

Há a mulher mais velha (Vera Fischer) que se apaixona pelo rapaz que tem a idade de seu filho. A menina nova que sonha ter um marido mais velho que lhe dê dinheiro, viagens ao exterior etc.

Há ainda o homem rústico (José Mayer) que desperta paixões nas mulheres, mas que acredita que elas não têm habilidades.

No rol de infindáveis clichês há ainda a milionária (Marieta Severo) casada com um inútil jovem e mulherengo (Alexandre Borges).

Os telespectadores têm também que ouvir pérolas como “o amor é que conta, o amor é que move” ou “quando a necessidade bate à porta, o amor foge pela janela”, numa discussão entre as vantagens de se casar com um homem rico.

Depois de uma novela feita quase que 100% em close (“Terra Nostra” ficava mostrando apenas os olhos e a boca das Giullianas, Matheos e Paolas), “Laços de Família” prefere as cenas abertas, feitas fora de estúdio. E isso é um trunfo para a novela, que tenta agradar ao público brasileiro, mas claramente quer ser mais um produto de exportação.

Se continuar focando a nova plástica de Vera Fischer (no primeiro capítulo houve vários closes dos novos seios da atriz e ela apareceu de corpo inteiro e só de biquíni) e as praias do Rio de Janeiro, “Laços de Família” vai ser mais uma novela para ser vista com o volume no zero.