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Diretores falam sobre cinema e tecnologia em Cannes
da Reuters 10/05/2000 13h43
em São Paulo
Cerca de 30 diretores de cinema de todo o mundo reuniram-se em Cannes ontem e hoje (quarta-feira, dia 10) para discutir, em simpósio especial do evento, as formas pelas quais as novas tecnologias podem transformar o cinema.
Divididos entre os otimistas, que vêem as tecnologias digitais como grandes difusoras e revitalizadoras do cinema, e os pessimistas, que enxergam no excesso de imagens um empobrecimento e um risco, os cineastas não chegaram a um consenso.
O dinamarquês Thomas Vinterberg (“Festa de Família”) acredita que o cinema tem a ganhar com as novas técnicas.
“O cinema continua a ser uma forma de arte que evolui lentamente. As novas tecnologias revitalizam o cinema, facilitando a criação artística. Não devemos ter medo das mudanças. O que é maravilhoso sobre a tecnologia (digital) é que nos permite contar uma história sem ter de pensar em lucros”, afirmou Vinterberg.
Por outro lado, alguns temem o esvaziamento da arte. O indiano Murali Nair acredita que os países em desenvolvimento não terão o mesmo acesso às novas tecnologias que os países ricos.
“Há um grande risco. A nova tecnologia é cara e se desenvolve rapidamente. Essas sociedades não conseguirão acompanhar (...) e nesses países o cinema deverá ser controlado por um pequeno número de grandes conglomerados de produção”, disse o diretor de “Marana Simhasanam”.
O canadense Atom Egoyan (“O Doce Amanhã”) tem uma visão pessimista, mas sob um ponto de vista conceitual.
“Com a multiplicação dos canais de televisão, vivemos através dos eventos de uma maneira fraturada. Hoje, retemos apenas as imagens nas quais nos imaginamos. É a morte do evento comunitário.”
O fórum termina nesta quarta-feira e teve a participação do brasileiro Walter Salles (“Central do Brasil”), que iria falar sobre tecnologia nos países em desenvolvimento.
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