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Curador da 25ª Bienal de São Paulo é demitido

16/05/2000 08h18
CELSO FIORAVANTE e FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

O curador Ivo Mesquita foi demitido na segunda-feira (15) à tarde do cargo de curador-geral da 25ª edição da Bienal de São Paulo. Segundo Mesquita, a demissão foi motivada pelas declarações que ele próprio deu à Folha na manhã do último sábado (13) e publicadas ontem (15).

Na entrevista, Mesquita questionou os argumentos levantados pelo presidente da Fundação Bienal, Carlos Bratke, para justificar o adiamento do evento de 2001 para o primeiro semestre de 2002.

Sobre a necessidade de uma grande reforma no Pavilhão da Bienal, Mesquita disse: “Não tem problema se o Pavilhão da Bienal não for utilizado por questões de segurança na 25ª Bienal. Minha indicação é que busquemos outros espaços. No parque Ibirapuera, outros dois edifícios estão capacitados para receber a Bienal”, disse.

Vale lembrar que, no ano passado, para conseguir o empréstimo de obras para a Mostra do Redescobrimento, em cartaz no parque Ibirapuera, a Associação Brasil 500 Anos, ligada à Fundação Bienal, enviou carta aos colecionadores garantindo as condições de segurança do prédio.

A respeito de o evento coincidir com o cinquentenário da Bienal, evento criado por Ciccillo Matarazzo, o curador Ivo Mesquita declarou: “Quando fui convidado pela Fundação Bienal para realizar a 25ª edição em 2001, a razão era justamente a comemoração pelos 50 anos da Bienal, uma criação do Ciccillo. Mas não é uma efeméride que está determinando isso, mas o entendimento do espaço que a Bienal ocupa e a sua representatividade junto às outras instituições e às comunidades local e internacional”.

“Recebi uma carta do Bratke em que anunciava a minha demissão. Ela diz que minhas declarações foram uma afronta ao Conselho e que tinham um tom ameaçador”, disse Mesquita.

O presidente Carlos Bratke não foi localizado para comentar a demissão.

Discórdia

O presidente do Conselho da Fundação Bienal de São Paulo, Luiz Seraphico de Carvalho, ficou perplexo com a demissão. “Foi uma decisão intempestiva”, declarou. “Bratke tem um dever de lealdade com a diretoria, deveria ter consultado o Conselho”.

Para o presidente, “Mesquita tem todo o direito de emitir suas opiniões e discutir o que ele quiser em público, sem que por isso seja punido”.

O conselheiro Adolpho Leirner disse lamentar o acontecimento, mas compreendeu a atitude de Bratke. “Provavelmente o presidente não gostou das declarações dadas ao jornal”. Também concordou com a mudança da data do evento. “Diante das informações sobre a precariedade das instalações elétricas, a mudança me pareceu adequada”, afirmou.

Leirner lamentou, porém, a saída de Mesquita. “É uma pena. Em uma crise, todos perdem. Espero que a situação seja encaminhada para que não percamos a credibilidade conquistada com tanto esforço”, disse.

Na carta de demissão, Bratke alegou que a decisão de adiar por mais um ano a 25ª Bienal foi unânime, mas a conselheira Stella Teixeira de Barros contesta essa informação. Disse ter sido contrária à decisão.

Na segunda-feira, ela afirmou à Folha que “a Bienal é uma das instituições brasileiras com grande reputação internacional, que pode ser posta em risco pela ação de um aventureiro” (referindo-se a Bratke). Segundo ela, “Mesquita tem uma repercussão e respeito internacionais, sua demissão faz a imagem da Bienal ficar arranhada”.

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