Morre índio atacado por adolescentes Pataxó tinha 95% do corpo queimado Agência Folha 21/04/97 20h06 De Brasília
Os jovens colocaram fogo em Santos quando ele dormia em um ponto de ônibus depois de uma festa do Dia do Índio. Quatro dos rapazes estão presos: Max Rogério Alves, Antonio Novely Cardoso de Vilanova, Tomás Oliveira de Almeida e Eron Chaves de Oliveira. Um adolescente, G.N.A., de 16 anos está na Delegacia do Adolescente. Eles alegaram não saber que se tratava de um índio mas de um mendigo. O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Júlio Gaiger, classificou o ataque ao índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, 45, como "mais um episódio da banalização da violência". Segundo ele, o crime não deverá ser transferido para a competência da Justiça Federal por não se caracterizar como agressão a comunidades indígenas. Quatro dos cinco autores do crime são maiores de idade e podem ser condenados a até 30 anos de prisão. A polícia afirma que eles serão indiciados por crime hediondo -por ter sido ação em grupo-, por tentativa de homicídio doloso (intencional) qualificado -por motivo fútil e uso de fogo-, além de corrupção de menores, porque o quinto integrante do grupo tem 16 anos. Para o delegado Valmir Carvalho, da 1ª DP, o fato de os rapazes trocarem de carro -um Fiat Uno pelo GM Monza- para cometer o crime e usarem um líquido que estava previamente nesse carro -ou foi colocado- indica a premeditação do crime.
são transferidos Os maiores de idade foram transferidos na noite do domingo da 1ª DP (Delegacia de Polícia), na Asa Sul, para a Coordenação de Polícia Especializada -local isolado e mais seguro. A polícia temia ocupação do prédio por índios ou agressões por parte de outros presos. O menor G.N.A. estava na Delegacia da Criança e do Adolescente e deveria ser encaminhado para um centro de reclusão de adolescentes infratores, por recomendação judicial. A pena dele dependerá de um processo especial. Na tarde desta segunda, os quatro rapazes maiores de idade foram transferidos de novo: da Coordenação de Polícia Especializada para o Núcleo de Detenção. Na noite de domingo, os quatro tiveram de ser isolados porque os presos da Coordenação ameaçaram espancá-los. Nesta segunda, dia do aniversário de Brasília, o principal assunto na cidade foi a morte de Santos. Em missa pelo aniversário de Brasília logo pela manhã, d. José Freire Falcão disse que o episódio foi "um ato de barbárie". O presidente interino Marco Maciel, que participou da missa, pediu rapidez na apuração dos fatos. Nesta tarde, às 17h, sem-terra e índios participarão de uma manifestação na parada de ônibus onde Santos foi atacado. Veja
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