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Covas é agredido por professores acampados na Secretaria de Educação

01/06/2000 16h13
RAFAEL GARCIA, repórter da Folha Online

O governador Mário Covas foi agredido por professores enquanto visitava a Secretaria de Educação. Os manifestantes, que estavam acampados em frente à secretaria desde o dia 2 de maio, tentaram invadir o prédio quando descobriram que o governador estava lá dentro. A secretaria fica na Praça da República, no centro de São Paulo.

Covas tentou sair do prédio, mas foi agredido com limões e pedras. O governador saiu escoltado por policiais e por membros da secretaria com a boca sangrando, um galo na cabeça e sujo de terra e de tinta que os professores jogaram.

De acordo com o professor José Luiz Homor, que estava acampado na secretaria, Covas chegou à secretaria querendo entrar pela porta da frente, que estava bloqueada por cerca de 25 barracas. Segundo Homor, os seguranças do governador abriram caminho desmontando as barracas.

Quando Covas foi tentar sair do prédio é que ocorreu a confusão, de acordo com o professor, já que o governador também queria sair pela frente. "Ele quis dar uma demonstração de machismo", disse.

Para a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Maria Izabel Noronha, Covas quis entrar pela porta da frente para provocar os professores e "para jogar para cima do movimento uma irresponsabilidade que não existe".

Segundo ela, Covas quis criar o tumulto para sair machucado e criar uma sensibilização popular. "Ele quer confronto e desgaste", afirmou.

Maria Izabel afirma que para evitar isso, os professores chegaram a fazer um corredor com a tentativa de "proteger" Covas, mas que outros manifestantes mais rebeldes teriam agido pelo ataque.

Para tirar Covas do local, a polícia militar chegou a usar bomba de gás lacrimogêneo, escudos e cacetetes e prendeu três manifestantes.

De acordo com o capitão José Olímpio, responsável pela segurança do local desde que os professores montaram acampamento, a presença da polícia no local era para garantir a segurança. Segundo ele, a ação durante a saída de Covas foi “para garantir a liberdade de ir e vir do governador”.

Segundo ele, três pessoas foram presas. “Um deles atirou um tijolo no meu peito”. Outro manifestante foi preso por dar um tapa no rosto de um policial e outro foi preso com uma sacola cheia de pedras, de acordo com o capitão

Os docentes da rede pública estadual estão acampados em frente à Praça da República desde o dia 12 de maio. Eles entraram em greve no dia 2 de maio por reajuste salarial de 54,7%. A Secretaria de Educação
não apresentou uma contraproposta.

O acampamento começou com apenas 60 professores e engrossou após o conflito entre professores e a tropa de choque no último dia 18 em protesto na avenida Paulista que terminou com 38 feridos. Homor foi uma das pessoas atingidas por uma bala de borracha.

No dia seguinte ao confronto, Covas foi atingido por uma bandeirada supostamente por professores durante inauguração do Banco do Povo em São Bernardo do Campo, ABC paulista.

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