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Edir Macedo diz "não entender" como o teto da igreja caiu

AJB 05/09/98 16h16
DE SÃO PAULO

O bispo Edir Macedo, fundador e líder da Igreja Universal do Reino de Deus, mostrou-se perplexo durante a transmissão ao vivo pela Rede Record, emissora de sua propriedade, do desabamento do teto do templo da Universal, ocorrido na madrugada deste sábado, em Osasco. "Foi um acidente que simplesmente aconteceu. Eu poderia entender se fosse com uma discoteca, com pessoas bebendo ou consumindo drogas, mas o acidente aconteceu em um templo, com pessoas orando. Não consigo entender. Não tem explicação, simplesmente caiu", desabafou Macedo, na Rede Record, ao lado de outros bispos da Universal, do pastor que comandava a vigília e do responsável pelo departamento de engenharia da igreja.

"Não sabemos explicar porque aconteceu conosco", lamentou. Ao final do pronunciamento, durante uma oração pelos mortos e feridos, o bispo Macedo chegou a chorar, de cabeça baixa, perguntando "meu Deus, "por quê?". Na tela, o versículo 15 do Salmo 116: "Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos".

O bispo Macedo garantiu, no pronunciamento que durou cerca de 90 minutos, que não houve negligência da Universal quanto à manutenção do prédio da igreja no centro de Osasco. "Fizemos uma reforma no templo há dois meses, com a troca do forro e das telhas. A madeira do telhado é peroba, muito forte, e não estava desgastada", afirmou o engenheiro responsável da Universal. "A igreja funcionava naquele prédio há seis anos. Como poderíamos adivinhar que o teto desabaria se fazíamos a manutenção necessária?", acrescentou um outro bispo da Universal, Honorilton Gonçalves. Macedo informou que o prédio não foi construído pela Universal, e que é alugado. "Quando alguém aluga uma casa, por acaso verifica se o teto está caindo?", indagou o líder da Igreja.

Edir Macedo prometeu ajuda a todas as vítimas do desabamento e às suas famílias. "Ninguém vai ficar desamparado. Em situações como essa, as pessoas geralmente fogem às responsabilidades.Mas nós não vamos nos esquivar", assegurou. Macedo referia-se, certamente, à luta por indenização das vítimas da explosão que matou 42 pessoas e feriu cerca de 450, no Osasco Plaza Shopping, em junho de 1996. O Osasco Plaza Shopping, que já foi totalmente recuperado da explosão, fica a 100 metros do templo da Universal.

O pastor Reinaldo, que comandava a vigília durante a qual o teto desabou, contou que estava falando sobre o pecado contra o Espírito Santo no momento em que o teto da parte de trás do templo caiu sobre os fiéis. Com base no seu depoimento, o bispo Macedo negou as informações divulgadas pela Rede Globo de que o pastor ensinava os fiéis a votar. "Mas nesse momento de dor e de desespero, qual é a importância de se questionar o conteúdo da vigília?", indagou o líder da Universal.

Criticar a cobertura da Rede Globo sobre o desabamento foi o principal foco do pronunciamento dos bispos da Universal. "A imprensa não deve jogar a população contra nós, e sim ajudar em um momento tão grave", disse Macedo. Durante o pronunciamento, o bispo Honorilton mostrou o alvará concedido pela prefeitura de Osasco para o funcionamento da Universal, no prédio em que antes havia um cinema. A apresentação do documento vinha sendo cobrada pela Rede Globo, desde o início da manhã de ontem. "O alvará comprova que foi realizada uma vistoria no prédio, no dia dois de abril deste ano. A fiscalização concluiu que o imóvel que nós alugamos tinha condições de uso", informou Honorilton, mostrando o carimbo da prefeitura de Osasco para as câmeras.

Os líderes da Universal questionaram a versão divulgada pela Rede Globo, de que as portas do templo estivessem fechadas na hora do desabamento. "Se as portas estivessem cerradas, os bombeiros as teriam encontrado quebradas, o que não aconteceu", disse Macedo. O pastor Reinaldo confirmou que todas as portas estavam abertas durante a vigília. "Do tablado de onde comandava o culto, podia ver a movimentação dos fiéis que entravam e saíam do templo", afirmou.

"A Rede Globo quer achar pêlo em ovo", comentou o bispo Macedo. "Por enquanto não há nada que incrimine a Universal, e estamos aqui para esclarecer quaisquer dúvidas". Ele informou que a Universal vai aguardar a conclusão do laudo do Instituto de Criminalística para definir as atitudes a serem tomadas.


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