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Rebelião em Fortaleza deixa seis presos mortos
EDUARDO SCOLESE da Agência Folha 08/06/2000 11h15
Uma tentativa frustrada de fuga do IPPS (Instituto Penal Paulo Sarasate), em Fortaleza, deixou seis presos mortos, na madrugada de desta quinta-feira (08).
Por volta da 1h30, pelo menos 30 detentos _que haviam serrado as grades das celas_ foram surpreendidos por policiais militares ao tentar escalar o muro da penitenciária. Segundo a PM, houve trova de tiros. Quatro presos foram mortos.
Antes disso, dois detentos _que tentavam cortar a fiação da penitenciária_ também foram atingidos pelos policiais. Um morreu eletrocutado e o outro, baleado.
Com os mortos, a Polícia Militar e os agentes penitenciários teriam encontrado duas pistolas semi-automáticas e um revólver calibre 38.
De acordo com o centro de operações da Polícia Militar cearense, nenhum detento conseguiu fugir.
Às 9h, revoltados com as mortes, os presos iniciaram uma rebelião, quebrando os cadeados das celas e ateando fogo nos colchões. Em seguida, com a chegada de outros policiais, a situação foi controlada.
A secretária da Justiça do Ceará, Sandra Dond Ferreira, disse que as tentativas de fuga são comuns no Estado. “Em novembro do ano passado, dois presos foram mortos e outros 20 conseguiram fugir dessa penitenciária.”
Em 1997, após rebelião que durou 25 horas no IPPS, nove presos morreram e três reféns ficaram feridos.
Hoje, segundo a secretária, 1.185 presos estão encarcerados no no local, sendo que a capacidade do IPPS é para 1.102 pessoas.
“Já atingimos o limite do sistema carcerário cearense. O problema da superlotação encontrada em São Paulo, por exemplo, ainda está distante da nossa realidade.”
De acordo com a Secretaria da Justiça do Estado, a população carcerária nos sete presídios de Fortaleza está em 1.925 detentos. A capacidade seria para 1.886 presos.
Já a situação nas cadeias do interior cearense contrasta _ainda segundo com a secretaria_ com a encontrada na capital, pois 2.902 presos estão encarcerados, em 140 cadeias, que _juntas_ comportariam até 3.000 detentos.
Para o vice-presidente da Comissão dos Direitos Humanos da OAB-CE (Ordem dos Advogados do Brasil), Murilo Rocha Lima, a situação do sistema carcerário está insustentável no Estado.
Segundo ele, a OAB irá, a partir de hoje, apurar com rigor as causas das mortes dos detentos.
“A intenção da comissão é vasculhar as dependências da penitenciária e, em seguida, encaminhar sugestões ao governador (Tasso Jereissati-PSDB) e ao Ministério Público Estadual.”
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