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Ex-agente da Gestapo é condenado por matar 17 mil judeus

AP 20/05/99 13h25
De Stuttgart

O ex-agente da Gestapo Alfons Goetzfrid, 79, foi condenado nesta quinta (20) por colaboração no assassinato de 17 mil judeus no campo de concentração de Maidanek, na Polônia. O tribunal o condenou a 10 anos de prisão, mas será descontado o tempo em que cumpriu pena de
prisão na União Soviética por acusações semelhantes.

Goetzfrid disse que não matou ninguém e apenas ajudou a recarregar as armas usadas por outros. Os promotores argumentaram que ele já
confessara antes ter matado 500 pessoas só no dia 3 de novembro de 1943.

O ex-agente da Gestapo foi considerado culpado de participação na Operação Festival da Colheita, nome em código do plano de Hitler para exterminar todos os judeus que ainda viviam na Polônia ocupada. Nessa operação, realizada em novembro de 1943 no campo de concentração Majdanek, perto da cidade de Lublin, foram assassinadas mais de 42 mil pessoas, a maioria judeus.

Goetzfrid, nascido na Ucrânia, mudou-se para a Alemanha em 1991, depois da dissolução da União Soviética, e a partir de então foi testemunha em diversos julgamentos por crimes de guerra nazistas na Rússia e Grã-Bretanha. Embora tenha se incriminado quando a polícia britânica o interrogou, os promotores alemães disseram que não podiam acusá-lo de assassinato, principalmente por falta de provas diretas e do baixo nível que ocupava na cadeia de comando na Alemanha.

Goetzfrid foi preso pelos soviéticos depois da guerra, julgado por crimes de guerra e condenado a 20 anos de prisão, disseram os promotores. Foi libertado 13 anos depois de preso num campo de trabalhos forças na Sibéria. Mais tarde viveu no Cazaquistão e na Ucrânia.

Goetzfrid, porém, disse que foi enviado à Sibéria como tradutor. No momento é investigado em relação aos assassinatos de 45.000 pessoas perto de Lviv, na Ucrânia, e perto da cidade polonesa de Lublin.

Os promotores alemães investigam outros 61 crimes de guerra dos nazistas, mas é pouco provável que levem os acusados a julgamento, seja por falta de provas ou porque alguns deles são velhos ou fracos demais para o processo nos tribunais. Os investigadores estão analisando os arquivos da Polônia, abertos recentemente, em
busca de provas para instaurar o processo criminal em alguns casos.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, cerca de 6,5 mil acusados foram considerados culpados de crimes de guerra. Doze foram condenados à morte nos julgamentos de Nuremberg e 166 à prisão perpétua. No total, 107 mil pessoas foram investigadas por crimes de guerra da época nazista, segundo o Escritório Central para a Solução de Crimes dos nazistas, localizado na cidade alemã de Ludwigsburg.


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