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CUT invade 11ª área rural no Mato Grosso do Sul em dois dias
02/06/2000 18h31
da Agência Folha
O Departamento Estadual dos Trabalhadores Rurais da CUT promoveu nesta sexta-feira (2) a 11ª invasão de fazenda nos últimos dois dias em Mato Grosso do Sul.
As invasões envolveram cerca de mil famílias e atingiram nove municípios do Estado. Os sem-terra invadiram 18.758 hectares.
Quinta-feira (1) à noite, cerca de cem famílias ocuparam a sede da fazenda São João, no município de Deodápolis (297 km ao sul de Campo Grande).
A CUT (Central Única dos Trabalhadores), que reúne 22 sindicatos de trabalhadores rurais no Estado, já havia realizado a invasão de uma propriedade no mesmo município na quinta-feira.
Até o final desta tarde, a Justiça tinha concedido a liminar de reintegração de posse para apenas uma das áreas invadidas no Estado, a fazenda Santa Edwiges, em Rio Brilhante.
Um oficial de Justiça esteve no local, e os líderes das cem famílias invasoras disseram que não vão cumprir a determinação judicial.
Em Sidrolândia, o dono da fazenda São Benedito, ocupada desde anteontem por 70 famílias, tentou convencer os manifestantes a desocupar a propriedade, mas foi expulso da área.
O vice-presidente da CUT-MS, Paulo César Faria, reafirmou a intenção de invadir novas áreas: "Nossa meta é ocupar pelo menos 20 propriedades nos próximos dias. Mais nove e atingimos nosso objetivo", declarou. Nesta sexta, Faria organizava uma nova invasão de terras em Angélica (255 km ao sul de Campo Grande).
A CUT protesta contra os recursos destinados aos projetos de reforma agrária no Estado, que considera baixos. Segundo o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o governo federal pretende investir R$ 38 milhões até dezembro. "Isso dá para assentar apenas 2.000 famílias. Temos 12 mil famílias morando à beira de rodovias", afirmou Faria.
O superintendente regional do Incra, Celso Cestari, admitiu que são poucos recursos. "Esse dinheiro já está comprometido com o pagamento das áreas a ser desapropriadas."
Cestari disse que o governo do Estado está elaborando um projeto em parceria com o governo federal que pode dobrar o valor do investimento. "Há uma perspectiva de conseguirmos mais R$ 30 milhões. Nesse caso, até o final do ano, podemos assentar pelo menos 3.000 famílias."
O governador do Estado, José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, ainda não se manifestou sobre as invasões. Ele recebeu ontem um documento do MNP (Movimento Nacional dos Produtores) que defende as propriedades e pede providências ao governador contra as invasões.
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