Dicas
do Programa de Qualidade
JULHO 1999
Parece,
mas não é
"Quem
cumpri-las, (!) terá garantia
de recursos. Quem não cumprir, (!)
não receberá o dinheiro.''
"Quem
cumpri-las terá garantia de recursos. Quem
não cumprir não receberá o dinheiro.''
As
frases acima soam como se estivessem no condicional, algo do tipo:
"Se cumprir, ganha...''. Nesse último exemplo, a vírgula é de lei.
Isso talvez explique o porquê de tanta confusão em construções como
a do contra-exemplo. Note que se trata de uma falsa impressão. A
vírgula, nos dois casos destacados, está separando sujeito do verbo.
Não
há por que confundir
"Não
há porque (!) magnificar o caso.''
"Não
há por que magnificar o caso.''
É erro
bastante comum usar porque, assim, junto, com o significado de razão
pela qual. Nessa acepção por que é separado. Porque, junto, exprime
explicação: "Está resfriado porque tomou chuva''. Pode-se fazer
paralelo com as formas because e why, do inglês. A primeira equivale
a porque e a segunda, a por que.
Havia
"Calabi
presidia o Banco do Brasil há (!)
cerca de seis meses.''
"Calabi
presidia o Banco do Brasil
havia cerca de seis meses.''
No
contra-exemplo, note que Calabi presidia (não preside mais) o Banco
do Brasil. Trata-se de uma situação que não perdura mais, uma situação
continuada no passado. O há não serve para indicar ação contínua
no passado, o que é expresso, na gramática, pelo tempo imperfeito.
Use, portanto, havia (pretérito imperfeito). Pode-se trocar o verbo
haver pelo verbo fazer para notar melhor o erro: "Calabi presidia
o Banco do Brasil faz (!) cerca de seis meses".
Imbróglio
"Ninguém
sabe como resolver esse `imbroglio'...''
"Ninguém
sabe como resolver esse imbróglio...''
A palavra
italiana "imbroglio'' está aportuguesada como imbróglio (trapalhada,
confusão, mixórdia, embrulhada).
A
forma como, a maneira como
"Questionava
a forma com que (!) avacalhavam
tudo...''
"Questionava
a forma como avacalhavam tudo...''
As
expressões "a maneira com que'' e a "a forma com que'' não constam
da norma culta da língua. Forma e maneira exigem, nessa acepção,
o pronome relativo como. Note que, com o pronome correto, a frase
fica mais enxuta e elegante.
|