Prêmio
Folha Categoria Reportagem 1996
Israel
diz que só negocia com os EUA
22/04/96
Editoria: MUNDO
Página:
1-13
IGOR
GIELOW
do enviado especial
O
cessar-fogo imediato entre Israel e a guerrilha islâmica Hizbollah
está cada vez mais distante da fronteira israelense-libanesa.
Ontem, o premiê israelense, Shimon Peres, disse que apenas
os EUA comandarão as negociações para tentar
um acordo de paz para a região. ''Todos são bem-vindos
para conversar. Mas o acordo é assunto dos Estados Unidos'',
disse.
A afirmação de Peres, feita em Jerusalém depois
de reunião com o secretário de Estado dos EUA, Warren
Christopher, irritou o Hizbollah.
O secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, disse
ontem que Israel e Síria podem chegar em breve a um acordo
para a implantação de uma trégua no Líbano.
''Acho que chegamos a um ponto em que o cessar-fogo é uma
possibilidade real'', disse em entrevista à rede de TV norte-americana
ABC. Ele reconheceu, porém, que ''ainda há dificuldades''.
Fontes próximas ao premiê acreditavam que a trégua
deveria ser acertada logo, ficando para depois um acordo mais amplo.
Hizbollah
À Folha, um porta-voz do grupo disse que os Estados
Unidos representam apenas os interesses israelenses.
''Em 1993, acordo foi patrocinado pelos norte-americanos. Os judeus
violaram o acordo inúmeras vezes e ninguém fez nada'',
disse.
O Hizbollah discutiu, no sábado em Damasco (Síria),
a possibilidade um acordo no qual o grupo entregaria os foguetes
Katiucha se Israel desocupasse imediatamente o sul libanês.
Israel, porém, não aceita a desocupação
imediata. No máximo, uma retirada em oito meses, com a deposição
das armas do Hizbollah agora. Aí fica o impasse.
Peres também causou constrangimento para dois dos países
que estavam reunidos até ontem em Moscou para discutir segurança
nuclear: França e Rússia.
Hervé de Charette, chanceler francês, está há
uma semana transitando por Líbano e Síria para tentar
costurar um acordo.
Ontem, ele visitou o campo da ONU em Qana, atacado na quinta-feira
passada por israelenses.
Os russos, por sua vez, enviaram o chanceler Ievgueni Primakov ontem
a Beirute, após uma passagem pelos tradicionais aliados em
Damasco. Primakov, visto com certa antipatia por Israel, deveria
ir a Jerusalém na noite de ontem.
Preferência
A preferência de Peres pela mediação dos EUA
é explicável.
Os EUA têm jogado toda a responsabilidade do conflito sobre
os guerrilheiros do Hizbollah, enquanto França, Rússia
e União Européia, que também enviou representante
ao Oriente Médio, condenaram com violência o ataque
israelense em Qana.
A proposta francesa também prevê o cumprimento da resolução
da ONU que determina a retirada de Israel do Líbano.
O chanceler iraniano, Ali Akbar Velaiati, indicou que o país,
que financia o Hizbollah, resistirá em aceitar a mediação
dos EUA.
Ele disse em Damasco que ''em vista do respaldo incondicional dado
por Washington aos recentes crimes do regime sionista, não
existe expectativa de que a proposta dos EUA ponha fim à
crise''.
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