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JULGAMENTO
Terceiro ex-PM é julgado por morte de jovens no litoral de SP
(24/07/2001)

GUTO GONÇALVES
MILENA BUOSI
da Folha Online

Começa hoje o julgamento do ex-soldado da Polícia Militar Marcelo de Oliveira Christov, um dos quatro ex-PMs acusados da morte de três jovens na Quarta-Feira de Cinzas de 1999, na Praia Grande, litoral de São Paulo.

Christov será o terceiro ex-PM a ser julgado pelo crime. Os ex-soldados Humberto da Conceição e Edvaldo Rubens de Assis foram condenados a 59 anos e 52 anos de prisão em regime fechado, respectivamente.

Os jovens Paulo Roberto da Silva, 21, Anderson Pereira dos Santos, 14, e Thiago Passos Ferreira, 16, foram mortos no dia 17 de fevereiro, com tiros na cabeça.

Christov dirigia a Blazer da Cavalaria da PM que levou as vítimas de São Vicente até um mangue em Praia Grande, onde os corpos foram encontrados. Ele responde pelos crimes de triplo homicídio qualificado, ocultação de cadáver e abuso de autoridade. Se condenado, a pena pode variar de 39 a 99 anos de prisão.

"Embora ele não tenha puxado o gatilho para matar os rapazes, ele responde pela participação no homicídio", disse o promotor Walfredo Cunha Campos, responsável pela acusação.

A previsão é de que o julgamento, que ocorre no Fórum da Praia Grande, termine na noite de hoje. Deverão ser ouvidas oito testemunhas de acusação _uma delegada, duas mães das vítimas e cinco testemunhas que presenciaram a abordagem da PM. Segundo o promotor, não foram arroladas testemunhas de defesa.

História do crime

Paulo, Anderson e Thiago foram abordados pelos policiais na saída do baile de Carnaval do Ilha Porchat Clube, em São Vicente.

Testemunhas disseram que os jovens foram colocados na parte de trás do veículo Blazer da Cavalaria da PM. Depois disso, desapareceram. Os corpos foram encontrados em um mangue na Praia Grande em 4 de março daquele ano por uma equipe do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Pouco mais de dois meses depois de terem sido presos, os ex-PMs admitiram participação no caso. Segundo a versão dos acusados, um garoto correu até o carro da polícia e avisou que teria sido roubado e espancado por outros jovens.

Ao chegar no local, o ex-soldados Marcelo de Oliveira Cristov, Rubens e Humberto da Conceição, e o ex-tenente Alessandro de Oliveira Rodrigues disseram ter encontrado os jovens, e Paulo Roberto estaria com um cigarro de maconha. No entanto, segundo a promotoria, a droga estaria com um amigo das vítimas, que conseguiu escapar.

Os ex-PMs alegam que os jovens foram levá-los até o traficante e, ao chegar perto da "boca de fumo", o ex-tenente e Cristov voltaram ao quartel para pegar o carro do tenente e a moto de Humberto, além de roupas civis. O objetivo era invadir o local disfarçados. Segundo a promotoria, não havia nenhum ponto de distribuição de droga na região.

Ainda segundo a versão dos acusados, quando o ex-tenente e Cristov chegaram ao local foram avisados por Rubens de que "havia acontecido um acidente". Rubens assumiu os assassinatos na época e disse que sua arma caiu e disparou, atingindo a nuca de Paulo Roberto. Em seguida, os outros dois jovens atacaram Rubens, que atirou.

A promotoria afirma que os tiros foram dados com o objetivo de matar os jovens, e não em auto-defesa. Paulo Roberto foi atingido na nuca e os outros dois receberam tiros na cabeça.

Durante o julgamento, Rubens disse aos sete jurados que o disparo acidental partiu da espingarda que portava, mas não atingiu Paulo Roberto, e sim Anderson, em uma das mãos. Disse ainda que o ex-tenente não estaria no local do assassinato, mas que teria dado a ordem para o ex-soldado Humberto de que os jovens deveriam ser mortos.

Exumação

Segundo o promotor Walfredo Cunha Campos, no final do ano passado Rubens registrou a nova versão do crime em cartório. "Ele ainda pediu exumação do corpo, o que foi negado pela Justiça", disse o promotor. "Ele mudou o depoimento, pagou uma taxa no cartório e juntou a declaração ao processo. Mas ele já havia sido ouvido diversas vezes antes e contou a primeira versão."

Em agosto do ano passado o ex-tenente Alessandro foi exonerado por decreto assinado pelo então governador Mário Covas. Os outros três ex-PMs já haviam sido expulsos da corporação por decisão da Corregedoria da Polícia Militar.

O julgamento de Alessandro está marcado para o próximo dia 31. Os policiais estão presos no Presídio Militar Romão Gomes.



 Flagrante
Reprodução
O Boeing 737 da Vasp
Flagrante de violência

 Sequestro no ar
L. C. Murauskas/FI
 
Flávio Grieger/FI
 

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