Elevado será cenário da Cavalera na SPFW; Alberto Hiar assume direção criativa da grife


Um dos pontos mais famosos e agitados da capital paulista, o Minhocão vai se transformar em passarela de moda durante a próxima São Paulo Fashion Week. Será ocupado por modelos e um batalhão de figurantes, no desfile da coleção do verão 2010 da grife Cavalera.

"São Paulo é minha praia. O nosso verão acontece no asfalto", diz Alberto Hiar, proprietário da grife. "Muita gente reclama que a cidade é violenta, que não tem mar... Pois eu acho que vivemos numa das metrópoles mais interessantes do mundo. A nossa multiplicidade étnica e cultural é única. É isso que vamos mostrar no desfile."

A apresentação acontecerá num domingo (21/6)- dia da semana em que o Elevado Presidente Costa e Silva fica fechado aos carros e se transforma em área de lazer.

Depois de três coleções assinadas por Marcelo Sommer, que encerrou seu contrato com a marca, Hiar decidiu assumir a direção criativa da grife. Os estilistas Fabiano Grassi e Igor de Barros continuam na equipe, que nesta temporada terá consultoria de Karla Girotto.

Ex-deputado estadual (pelo PMDB e o PSDB), Hiar desistiu de vez da política e quer agora se concentrar apenas na moda e na expansão da Cavalera. "Nos últimos anos, tive que dividir a minha atenção entre os negócios e a política. Agora, vou me dedicar só à moda e à família", afirma. Além da Cavalera, Hiar é dono de 70% da marca V.Rom e sócio da rede The Jeans Boutique, com 16 lojas.
Entre seus novos planos está a inauguração, nos próximos meses, de uma nova flagship da Cavaleira em São Paulo. A grife vai se mudar da alameda Lorena para um imóvel de 700 m2 na rua Oscar Freire, onde antes funcionava a loja de Fause Haten. No segundo andar do novo espaço será instalado o showroom da marca, que hoje funciona na fábrica no bairro do Ipiranga, onde trabalham cerca de 250 pessoas.

O projeto de decoração é inspirado numa espécie de "santíssima trindade" fashionista. "Imaginei a sala de um astro do rock que namora uma top model e tem um amigo grafiteiro."

Em meio a crises e reagrupamentos do mercado fashion, os negócios da Cavalera vão bem, segundo Hiar, mas ele não revela o faturamento da grife.
Dois dos principais grupos de moda do país, inclusive, já cotejaram a marca, que tem atualmente 14 lojas. A proposta de compra feita pelo grupo AMC Têxtil, dono da Colcci, era de "dar risadas", conta Hiar. A do grupo Inbrands também não o agradou.

Em 2007, pensando na expansão de seus negócios, o empresário quase comprou 50% da marca de jeanswear de Alexandre Herchcovitch. O contrato estava praticamente selado, quando Herchcovitch mudou de ideia, preferindo fechar com o grupo I'M -que, à época, havia arrematado a Zoomp.

Com o fracasso das operações do I'M, Herchcovitch acabou entrando para o time da InBrands, que hoje controla a SPFW e o Fashion Rio.

Para Hiar, num cenário em que grupos de moda rivalizam com grifes "independentes", estas precisam ser mais ousadas e rápidas na hora das decisões. "Esses grupos costumam ser lentos e conservadores."

Apesar de ter desistido do plenário, ele acha que falta "política" à moda brasileira. "O governo precisa se preocupar mais com a moda, que é importante economicamente. E o setor precisa de mais união, pondo de lado a mesquinharia e a guerra de egos", defende.

com Vivian Whtiteman
Folha de S.Paulo

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