Aposentadas
sustentam e chefiam famílias brasileiras
A crescente
participação da mulher no mercado de trabalho, por
motivos comportamentais ou puramente econômicos, já
provoca mudanças profundas na vida da população
idosa feminina. De dependentes no passado, essas mulheres estão
assumindo, agora com suas aposentadorias, o papel de provedoras.
Segundo uma
pesquisa realizada pela Escola Naciona de Ciências e Estatísticas
(Ence) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), as famílias sustentadas por pessoas idosas, de uma
maneira geral, estão melhores do que as chefiadas por pessoas
não idosas. Enquanto o rendimento médio per capta
das famílias ditas "tradicionais" é de R$
304,41, nas chefiadas por idosas, passa de R$ 347.
O estudo apontou
ainda que essas mulheres assumiram também papéis que
não previstos até tempos atrás. A proporção
de filhos adultos morando com mães idosas passou de 25%,
em 1981, para 27,7%, em 1997. Além desse fato, foi observado
um crescimento na proporção de crianças menores
de 14 anos residindo na mesma casa. Em 1981, eles estavam em 3,8%
dessas famílias. Hoje, moram em mais de 4,3% delas. Fora
reunirem filhos adultos, netos e agregados, as famílias chefiadas
por idosas são as que têm o maior número de
crianças e adolescentes frequentando a escola. A taxa é
de 75,7%, contra 67% das crianças brasileiras da mesma idade,
mas que não moram com os avós.
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mais:
- Mulheres idosas passam
de dependentes a provedoras
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Mulheres
idosas passam de dependentes a provedoras
A crescente
participação da mulher no mercado de trabalho - seja
por motivos comportamentais ou puramente econômicos- já
provoca mudanças profundas na vida da população
idosa feminina. De simples dependentes, essas mulheres estão
repetindo aquilo que já faziam durante a época em
que ainda estavam trabalhando e assumindo, agora com suas aposentadorias,
o papel de provedoras.
"Aquilo
que já sabíamos sobre as mulheres jovens começa
a aparecer na velhice. Há cada vez mais mulheres chefiando
famílias no Brasil", afirma Maria Tereza Pasinato, pesquisadora
do Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence)
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Maria Tereza
e a coordenadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) Ana Amélia Camarano acabam de publicar um estudo que
comprova a melhora absoluta e relativa nas condições
de vida das mulheres idosas. Segundo elas, a importância de
estudar este grupo deve-se à crescente participação
delas não apenas no contingente de idosos - que praticamente
triplicou nos últimos 60 anos - como também no total
da população. De acordo com o Censo de 2000, 55% do
contingente de pessoas maiores de 60 anos era composto por mulheres.
O levantamento
comprovou que estas famílias estão em condições
melhores de vida do que aquelas chefiadas por pessoas não
idosas, de uma maneira geral. Enquanto o rendimento médio
per capta das famílias ditas "tradicionais" é
de R$ 304,41, nas chefiadas por idosas, passa de R$ 347.
Mostrou também
que, do ponto de vista dos arranjos familiares, são crescentes
as taxas de chefia de família femininas e decrescentes as
de mulheres classificadas na categoria "outro parentes"
na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)do IBGE.
O levantamento
aponta ainda um fato curioso. Essas mulheres estão assumindo
papéis não previstos nem pela literatura nem pela
política. "A literatura caracteriza essas famílias
como ninhos vazios, mas verificamos que apenas um terço delas
está nessa categoria." As demais, afirma Maria Tereza,
podem ser caracterizadas como ninhos que estão se enchendo
de filhos e netos. A proporção de filhos adultos morando
com mães idosas passou de 25%, em 1981, para 27,7%, em 1997.
E continua crescendo. Além dos filhos adultos, foi observado
um crescimento na proporção de crianças menores
de 14 anos residindo na mesma casa. Em 1981, eles estavam em 3,8%
dessas famílias. Hoje, moram em mais de 4,3% delas.
Fora reunirem
filhos adultos, netos e agregados, as famílias chefiadas
por idosas são as que têm o maior número de
crianças e adolescentes frequentando a escola. A taxa é
de 75,7%, contra 67% das crianças brasileiras da mesma idade,
mas que não moram com os avós.
Para a pesquisadora,
a nova Previdência tem um papel fundamental no processo de
melhoria de vida dessas mulheres. "A constituição
de 1988 introduziu o conceito de seguridade social, estabeleceu
a universalização dos direitos e a equivalência
entre os benefícios urbanos e rurais. Além disso,
não podemos descartar que a legislação beneficia
a mulher com a possibilidade de se aposentar um pouco mais cedo
que os homens, um artifício para compensar o tempo despreendido
com a maternidade e na jornada dupla, casa-trabalho."
Além
disso, as pesquisadoras lembram que, no caso da população
idosa feminina, normalmente existe a possibilidade da sobreposição
de benefícios. "Caso a mulher tenha se casado e ficado
viúva, ela terá o seu benefício e o de seu
marido. Isso cria subgrupos bastantes protegidos", diz Maria
Tereza. Aproximadamente 15% das idosas brasileiras estão
nessa situação .
(Valor -
13/11/02)
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