Home
 Tempo Real
 Coluna GD
 Só Nosso
 Asneiras e Equívocos 
 Imprescindível
 Urbanidade 
 Palavr@ do Leitor
 Aprendiz
 
 Quem Somos
 Expediente


Dia 27.01.03

 

Jovens imigrantes preferem o Brasil para trabalhar

Muitos jovens estrangeiros, principalmente orientais e latino-americanos, quando decidem ir viver em outro lugar não pensam duas vezes antes de vir para o Brasil. Apesar de alguns dos países de origem estarem em situação econômica mais estável, a maioria prefere vir para cá. Os chineses, por exemplo, alegam que aqui é possível gastar e ganhar mais dinheiro, enquanto que na China ganha-se apenas o suficiente para comer.

Mas esse contigente de estrangeiros vindo para o Brasil traz um problema bastante sério para o país. Muitos dos que chegam aqui trabalham ilegalmente. Para a Polícia Federal, o maior problema com a ilegalidade do trabalho de estrangeiros é a situação dos bolivianos e dos peruanos, que frequentemente são encontrados trabalhando em fábricas improvisadas de confecções em regime de semi-escravidão.

Não há dados oficiais sobre o número de imigrantes que trabalham ilegalmente no Brasil, mas é só sair às ruas comerciais do centro de São Paulo ou do Rio de Janeiro para notar a quantidade de gente de outros países trabalhando, principalmente no comércio de produtos estilo "made in China".

Leia mais:
- Jovens orientais e latino-americanos disputam seu espaço no apertado mercado de trabalho brasileiro

Leia também:
- Ilegais se sujeitam até a semi-escravidão

 

 
                                                Subir    
 

 DIA 24.01.03

  Demissões devem crescer 10% ao ano
   
 

 DIA 23.01.03

  Banco Central eleva juro para 25,5%
   
 

 DIA 22.01.03

  Brasil ainda não investe em seus pesquisadores
   
 

 DIA 21.01.03

  Pesquisa revela as companhias mais respeitadas do mundo
   
 

 DIA 20.01.03

  Fim da lei que criou contrato de trabalho por tempo determinado preocupa empresários
   
 

 DIA 17.01.03

  Indústria teve pior desempenho em cinco anos
   
 

 DIA 16.01.03

  Comércio enfrenta estagnação e inadimplência
   
   

 

 

 

Jovens orientais e latino-americanos disputam seu espaço no apertado mercado de trabalho brasileiro

Vinte e poucos anos, em busca de novas oportunidades, de repente, vem a idéia de ir trabalhar em um outro país. Mas qual? Fácil: o Brasil. Após esse susto que você tomou, é bom saber que há outros povos que vêem no Brasil um negócio da China. Como os chineses, por exemplo.

Quem leu algum jornal nos últimos cinco anos deve saber que a China está em ascensão no mercado internacional, após abrir suas fronteiras para o comércio mundial. Então, qual o motivo de eles estarem vindo para cá? Wing Zhun, 25, diz que é porque no Brasil se gasta menos dinheiro. "Lá só se ganha o de comer", completa. Vivendo no Brasil há dois anos, ele trabalha no comércio de relógios em uma das centenas de barracas da r. 25 de Março, no centro de São Paulo.

Da mesma opinião é a chinesa Kim ("só Kim mesmo"), 23, que está aqui há seis anos. "Os brasileiros são meio preguiçosos, não querem trabalhar aos domingos", reclama Kim, trocando os erres pelos eles. Ela é balconista em um pequeno estande, como a maioria dos novos imigrantes chineses que estão no Brasil.

Segundo o presidente da Câmara de Comércio Brasil-China, Charles Andrew Tang, o governo chinês desenvolve a política de encorajar o empreendedorismo de seus jovens em terras estrangeiras.

Só que eles nunca vêm sozinhos. Os imigrantes do Oriente só aparecem por aqui depois que alguém da família já abriu o terreno. E, de forma geral, vivem isolados em suas comunidades.

A língua é o principal obstáculo, o qual eles quase sempre não conseguem vencer. A maioria só aprende o mínimo de português para usar no comércio. Essa dificuldade tornou comum a utilização de pequenos dicionários, que servem como guias, onde se encontra o nome das mercadorias em português e em chinês e o valor correspondente. Outra situação curiosa pela qual passam os jovens imigrantes chineses é o rebatismo.
Como seus nomes são de difícil entendimento para os brasileiros, eles escolhem nomes "populares" na nova terra.

"Alex" Chang, 21, por exemplo, foi rebatizado bem na frente da reportagem do Folhateen. Ganhou seu novo nome de uma colega de trabalho numa lojinha de equipamentos fotográficos.

Além dos músicos de países andinos que se apaixonaram pelas praças de grandes cidades de todo o Brasil, alguns de nossos vizinhos latino-americanos se encantaram com o modo de viver dos brasileiros e decidiram tentar a vida por aqui. É o caso do chileno Miguel Reyes, 23, que vive no Brasil há cinco anos e que trabalha na área técnica de uma seguradora. Ele afirma que desde pequeno se fascinou com a língua portuguesa e que no Brasil se sente mais à vontade que no Chile.

"Há coisas na mentalidade chilena que me chateiam. Eu percebi que minha personalidade não batia com a dos chilenos", afirma Reyes. E comprova, já que foi no Brasil onde ele encontrou sua mulher. Hoje, sobre o Chile, ele diz: "Só penso em ir para lá fazer passeios".

O chileno foi um dos muitos imigrantes a se beneficiar da anistia concedida, em 1998, pelo governo federal às pessoas que estavam clandestinas no país. "Fiquei ilegal só por uma semana", lembra.

Outro que também gostou de cara do que encontrou aqui foi o colombiano Diego Rios, 24, que chegou ao Brasil há um ano e meio. Ele veio trabalhar em um projeto de sua faculdade de economia em parceria com a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

"Achei muito interessante como o Brasil funciona", afirma. O que mais chamou sua atenção foi a empatia imediata com as pessoas. "Elas me trataram muito bem. Acho até que consegui coisas de modo mais fácil por ser estrangeiro." Ele lembra que, quando chegou, não falava nada de português, e os brasileiros sempre davam um jeitinho para ajudá-lo. Agora, é Rios quem dá aulas, de espanhol, enquanto acaba a faculdade de economia. Mas pensa em retornar à Colômbia. "Pretendo aprender mais aqui, ganhar experiência e depois voltar para lá."

(Folha de S. Paulo - 27/01/03)

 

 
                                                Subir    


Ilegais se sujeitam até a semi-escravidão

Carnaval, festa junina, bumba-meu-boi são atrativos para estrangeiros conhecerem e brincarem no Brasil. Mas o que não deve ser encarado como brincadeira é a vinda de imigrantes ilegais para trabalhar aqui.

Só pode trabalhar quem tem visto de trabalho carimbado no passaporte. Turistas e estudantes que tenham empregos, mesmo que sem carteira assinada, podem ser deportados (enviados de volta ao seu país de origem) assim que descobertos.

Logicamente, não há dados oficiais sobre o número de imigrantes que trabalham ilegalmente no Brasil, mas é só sair às ruas comerciais do centro de São Paulo ou do Rio de Janeiro para notar a quantidade de gente de outros países trabalhando, principalmente no comércio de produtos estilo "made in China".

Essa situação acabou sendo o principal obstáculo encontrado pela reportagem do Folhateen. A reação mais comum dos imigrantes (bolivianos, chineses, coreanos e peruanos) era evitar a conversa desde o princípio e simplesmente ignorar as perguntas.

"A maioria dos estrangeiros que trabalha de forma exposta é porque já tem permissão para fazer isso", diz o agente da Polícia Federal Celso D'Arcke Brasil. Como eles conseguem essa permissão? "No caso dos comerciantes chineses, o expediente mais comum é eles chegarem ao Brasil em casais, com a mulher já grávida. Daí, ela tem o filho aqui, o que garante a permissão para os pais morarem e trabalharem no país", esclarece.

Para a Polícia Federal, o maior problema com a ilegalidade do trabalho de estrangeiros é a situação dos bolivianos e dos peruanos, que frequentemente são encontrados trabalhando em fábricas improvisadas de confecções em regime de semi-escravidão.
"O pior é ver que essas pessoas preferem essa condição a voltar para o seu país, onde passavam fome", diz o agente. "Não sei se o mundo deveria ter fronteiras, mas temos que ficar atentos para que esses casos não aconteçam o tempo todo", argumenta.

(Folha de S. Paulo - 27/01/03)

 

 
                                                Subir