cultura
13/02/2008

Espetáculo conta a história de SP por meio do futebol


Logo após a estréia, haverá debate com Muricy Ramalho, Roberto Avallone, Pepe, entre outras personalidades ligadas ao esporte


Heitor Augusto

Durante o século XX, São Paulo protagonizou e assistiu transformações na cidade e também no país. A Política do café-com-leite, Semana de 22, Revolução Constitucionalista, criação da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, industrialização, confronto dos estudantes do Mackenzie com os da USP, abertura política e PCC.

Por meio do futebol, a comédia musical “Nos Campos de Piratininga – Histórias de futebol na cidade de São Paulo”, que estréia na próxima segunda (18), vai traçar paralelos entre a história do município e as mudanças sofridas pelo esporte – que abandonou o espetáculo para adentrar a profissionalização dos negócios.

O espetáculo se inicia com a chegada do inglês Charles Miller, em 1894, que trouxe o futebol para o País, segundo a historiografia tradicional. O acontecimento coincidiu com o momento de expansão da cidade.

O primeiro jogo oficial, ocorrido no ano seguinte, é encenado. “A gente também encenou o surgimento dos três principais times, Corinthians, Palmeiras e São Paulo”, conta Graça Berman, pesquisadora, atriz, produtora e uma das autoras do texto.

O primeiro ato, ao mesmo que acompanha o crescimento da identificação dos pobres com o Corinthians, dos italianos com o Palestra Itália (hoje Palmeiras) e dos ricos com o São Paulo da Floresta (hoje São Paulo FC), aborda a 1ª Guerra Mundial, as greves anarquistas, gripe espanhola, Semana de Arte Moderna, movimento tenentista e a Revolução Constitucionalista de 32.

Do Estado Novo a ida precoce ao exterior
As contradições do Estado Novo estão presentes no espetáculo. Uma delas é a perseguição a estrangeiros, que obrigou, entre outros fatos, o Palestra Itália a trocar de nome, tornando-se Palmeiras. “E peça não é politicamente correta, pois o policial da época do Estado Novo é negro, racista e corinthiano”, conta Graça.

Para preservar a linguagem teatral e não se transformar em um tratado político sobre a história de São Paulo, o espetáculo resume a trajetória e se concentra em símbolos, como o fim do Estado Novo, conquista do Palmeiras do Mundial Interclubes de 1951 (que não é reconhecido pela Fifa), inauguração do estádio Morumbi, a repressão e a abertura da ditadura militar.

“O eixo de narração é a história de três mulheres, que representam os três times. Elas se complementam, assim como Corinthians, Palmeiras e São Paulo”, afirma Graça. Um dos fatos recentes presentes no espetáculo é o tráfico de jogadores, símbolo da ida cada vez mais precoce ao exterior.

Um ano de pesquisa
Graça Berman conta que foi necessário um ano de pesquisa para escrever e montar “Nos Campos de Piratininga”. Além de busca em livros e na internet, teve consultoria de três especialistas nos principais times paulistanos.

O elenco da comédia é formado por 13 atores e conseguiu financiamento de R$ 130 mil do PAC (Programa de Aça Cultural), do estado. “Hoje eu vejo o futebol como espetáculo cênico. Tem elementos do balé, tem desafio de limites, emociona. Tem uma força cênica emocional”, avalia Graça.

Debates após as sessões
Após cada espetáculo, haverá um debate com ex-jogadores e jornalistas. Entre os nomes confirmados para os dois primeiros dias estão Muricy Ramalho (atual técnico do São Paulo), Zetti (ex-goleiro do São Paulo e Santos), Oberdan Cattani (maior goleiro da história do Palmeiras), Pepe (que formou o quarteto atacante mais famoso do Santos, com Dorval, Coutinho e Pelé).

Serviço

“Nos Campos de Piratininga – Histórias de futebol na cidade de São Paulo”
Direção: Imara Reis / Texto: Renata Pallottini e Graça Berman
De 18 de fevereiro a 29 de abril
Segundas e terças-feiras, às 20h
Teatro Maria Della Costa
Rua Paim, 72 – Bela Vista (entre a avenida Nove de Julho e a rua Frei Caneca)
(11) 3256 9115
Inteira: R$ 20 (meia – R$ 10)

Debates após as sessões:

Dia 18 de fevereiro – 2ª feira
Jornalista: Roberto Avallone
Boleiros: Mário Travaglini, Muricy Ramalho, Pepe e Valdir Joaquim de Moraes

Dia 19 de fevereiro – 3ª feira
Jornalista: Marília Ruinz
Boleiros: Ado, Oberdan Cattani e Zetti

   
 
   
 

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