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7. Um novo mundo só é possível se for socialista

Entre os ativistas revolucionários existe um debate necessário em relação à estratégia, para onde vamos, ou para ser precisos, que tipo de revolução defendemos.

Existem aqueles que são combativos, se enfrentam com a política concreta da direção do PT, mas seguem defendendo uma visão etapista, de que em essência não podemos apontar ainda para uma estratégia de revolução socialista. Estes companheiros acham que teríamos de passar necessariamente por uma etapa de desenvolvimento capitalista, de um capitalismo voltado para o mercado interno, e apontam para uma revolução democrática.

Porém, fraternalmente, queremos discutir com os companheiros que esta é exatamente a estratégia da direção reformista do PT. E existe a necessidade de dar coerência entre uma militância concreta e combativa e uma estratégia revolucionária e não reformista.

O capitalismo em seu estágio imperialista controla com mãos de aço a América Latina. As revoluções, mesmo que tenham que resolver tarefas democráticas (as mais importantes são a libertação do imperialismo e a reforma agrária), adquirem um caráter socialista, pelos setores sociais que a protagonizam (proletariado, campesinato, setores populares) e pelos inimigos que enfrentam (o imperialismo e setores burgueses associados).

Não existe nenhum setor da burguesia que vai enfrentar o imperialismo, democratizar o Estado, promover um desenvolvimento com distribuição de renda. Nas décadas de 60 e 70, as tentativas de buscar saídas burguesas nacionais terminaram em grandes derrotas, com golpes contra-revolucionários como no Chile de Allende e Goulart no Brasil. No último período, na América Latina, essas alternativas nem sequer se estruturam com reformas reais, porque já não existe a base social das burguesias nacionais vinculadas ao mercado interno do passado. Mesmo setores antes identificados com burguesias nacionais foram a vanguarda na implementação dos planos neoliberais, como o PRI no México e o peronismo na Argentina.

Chávez, na Venezuela, não está, neste momento, apontando para nenhuma alternativa real de desenvolvimento nacional ao se enfrentar com o imperialismo. Isso porque, a Venezuela segue participando das negociações da ALCA e não houve nenhuma ruptura econômica real com o imperialismo. A tentativa de golpe militar articulado pela embaixada ianque contra Chávez se deu por uma atitude independente deste último por ocasião do 11 de setembro.

Mas, não existe a tradução deste enfrentamento em uma postura de ruptura com o imperialismo por parte de Chávez, nem sequer como na estatização dos bancos de Allende ou no programa reformista limitado de Velasco Alvarado no Peru.

No início deste ano, Chávez aplicou um pacote bem ao estilo do FMI, com a desvalorização do Bolívar. Aliás, grande parte da insatisfação do povo venezuelano é exatamente por não ver nenhuma mudança real em sua situação concreta, na medida em que a estrutura capitalista segue inalterada.

A disjuntiva real é a recolonização imperialista ou revolução socialista.

Não existe nenhum setor da burguesia que possa resolver estas tarefas, que só poderão ser alcançadas pela mobilização revolucionária dos trabalhadores.

O que nos falta (e isso é muita coisa) é superar o grande atraso na mobilização, organização e consciência dos trabalhadores. Isso não nos leva a apontar para uma falsa estratégia "democrática", de idealização de setores burgueses, mas a de preparar concretamente os difíceis e muitos passos para a revolução socialista.

Por este motivo, nós não somos daqueles que defendem o lema do Fórum Social Mundial, "Um outro mundo é possível". Esta idéia aponta conscientemente para a possibilidade de uma mudança real, qualitativa, sem que o capitalismo seja derrubado. Por isso, não se assume como uma proposta socialista, e fica na generalidade da defesa de "Um outro Mundo". Nós somos daqueles que seguem levantando orgulhosos as bandeiras vermelhas do socialismo. Somos daqueles que dizem que "Um outro mundo só é possível, se for socialista".

Setenta anos de crimes do stalinismo mancharam a imagem do socialismo para as massas do mundo. O socialismo foi identificado com ditaduras burocráticas, repressão, partido único, burocratas privilegiados, falta de bens de consumo.

E verdade que nessas sociedades houve conquistas sociais importantíssimas.

Mas, elas foram fruto de importantes revoluções socialistas e do desenvolvimento econômico, baseado na expropriação da propriedade privada burguesa pelos trabalhadores, no monopólio do comércio exterior e na planificação econômica.

Baseados nessa estrutura econômica, países extremamente atrasados como Rússia, China e Cuba conseguiram um desenvolvimento sem precedentes em poucas décadas.

A maior demonstração da superioridade econômica daquelas sociedades é que a atual restauração do capitalismo trouxe de novo inflação, desemprego, fome, miséria, altos índices de criminalidade em alto grau, levando esses países a se tornarem de novo pobres e dependentes.

Na verdade, foi o surgimento de uma burocracia que reprimia o povo para garantir seus privilégios, que levou à restauração capitalista.

Depois de levar os países a longas crises econômicas, os burocratas chegaram à conclusão que a melhor forma de garantir seus privilégios seria transformando-os em sua propriedade privada. Ou seja, restaurando o capitalismo e transformando-se eles mesmos em burgueses.

Por outro lado, a postura da social-democracia, não passa de uma forma de gerir a crise do capitalismo. Desde a traição de 1914, os partidos social-democratas apóiam os regimes burgueses "democráticos" de seus respectivos países. Hoje, defendem a inevitabilidade do neoliberalismo com algumas pequenas reformas cosméticas. O PSTU rejeita essas duas caricaturas disformes do socialismo. O sistema capitalista não pode ser reformado nem melhorado para o bem dos trabalhadores.

O socialismo mundial significa em primeiro lugar a expropriação das multinacionais, dos bancos e dos grandes latifúndios para torná-los propriedade social, coletiva, voltada para atender as necessidades da maioria da humanidade. Socialismo é uma economia planificada e dirigida democraticamente pelos trabalhadores.

Socialismo é a mais ampla democracia para os trabalhadores e o povo.

Rejeitamos totalmente o sistema de partido único e a existência de uma burocracia privilegiada. Uma sociedade só será realmente socialista se for infinita-mente mais democrática que a democracia para ricos que vigora hoje nos países capitalistas avançados e em alguns atrasados.

O socialismo será internacional ou não existirá. Socialismo significa um mundo realmente sem fronteiras. Hoje o imperialismo impõe pactos regionais, blocos comerciais ou uniões que só têm como objetivo a exploração dos países mais atrasados.

Ao eliminar efetivamente todas as fronteiras nacionais, o socialismo inter-nacional permitirá centralizar todos os recursos mundiais para acabar com as desigualdades entres países ricos e pobres, explorados e exploradores, possibilitando ao mesmo tempo, uma enorme concentração e racionalização de recursos e um desenvolvimento nunca visto.

Socialismo é um mundo sem guerra e sem armas. No mundo atual, apesar do fim da Guerra Fria, são gastos anualmente centenas de bilhões de dólares em armamentos consumidos em guerras crescentes em todos os continentes.

Socialismo significa voltar esses recursos para resolver os problemas mais urgentes da maioria da população mundial.

Socialismo é também o respeito às nacionalidades e o fim de toda a opressão.

Hoje, a maioria absoluta das guerras se dá contra nacionalidades oprimi-das, como os palestinos, os albaneses do Kosovo, os curdos, os tamiles de Sri Lanka, os povos indígenas de Chiapas e recentemente os bósnios e os chechenos. São a outra forma que assume a exploração do capitalismo, como tam-bém o são a discriminação racial e sexual e a opressão contra as mulheres. Não haverá socialismo sem a eliminação dessas chagas.


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