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Candidatos à presidência - Zé Maria

Ciro Garotinho Rui Costa Zé Maria
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Veja os candidatos do segundo turno

Programa

Introdução

A gravidade da crise que atinge os trabalhadores no país torna imprescindível que um programa de esquerda esteja presente no debate eleitoral brasileiro. Só por isso já se justificaria o lançamento das candidaturas do PSTU para as próximas eleições.

O governo FHC, responsável pela implemen-tação no Brasil dos planos neoliberais (em continuidade a Collor), está preparando uma crise ainda maior para o país, com a adesão a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas). Isto significará um retrocesso a uma situação de colônia do imperialismo norte-americano, e um ataque ainda muito maior a situação já lamentável dos trabalhadores da cidade e do campo. Além disso, o país está mais exposto do que nunca a crise internacional em curso, e está caminhando para uma explosão econômica, vença quem vença as eleições, em função da combinação dívida externa - dívida interna.

Perante a destruição do país, do retrocesso brutal no nível de vida das massas, é necessário apresentar uma alternativa socialista. Para enfrentar a continuidade de FHC (ou alguma de suas variantes disfarçadas de oposição, como Ciro Gomes e Garotinho) é preciso um programa claramente contraposto ao aplicado hoje, um programa de esquerda.

O PT, no entanto, apoiou o último acordo de FHC com o FMI, e vai defender um programa adaptado às exigências dos setores burgueses internacionais e nacionais mais importantes, muito parecido ao dos partidos burgueses e ao de FHC. Na verdade, está se preparando uma continuidade em essência da política econômica (com pequenas diferenças no varejo) do país, vença quem vença as eleições.

Os ativistas do movimento sindical, estudantil e popular que atuam na campanha contra a ALCA têm o direito de desconfiar da candidatura de Lula, que não se compromete a romper com a ALCA, caso seja eleito. Ao contrário, Lula declarou que "não está contra a ALCA", já se comprometeu a "honrar todos os compromissos feitos em relação à dívida externa", a manter os acordos com o FMI. Este é o motivo pelo qual a direção do PT saiu da campanha do plebiscito contra a ALCA, uma atitude gravíssima, exatamente no momento em que podem chegar ao governo e definir a entrada ou não do país no acordo da ALCA.

Os companheiros do MST podem verificar que Lula não apóia as ocupações dos sem terra. Ao contrário, todas as vezes que pode, as critica abertamente, retomando a mesma postura da burguesia de "fazer a reforma agrária dentro da lei", ou seja, esperar da Justiça e dos governos a solução do problema agrário. Isso nunca ocorreu e não vai ocorrer mesmo com um governo Lula, porque a burguesia vai seguir controlando a Justiça e o Congresso. Tudo o que avançou neste país em relação à Reforma Agrária foi pela ocupação de terras do MST.

Os militantes do movimento sindical se chocaram com a aliança PT-PL, que colocou um grande burguês, José de Alencar, como vice de Lula. Alencar apoiou o golpe de 64, afirma que o MST é um mal para o país, defende abertamente a ALCA. Em suas fábricas, os trabalhadores têm uma carga horária de 12 horas diárias e o direito de sindicalização é negado.

Os lutadores de esquerda honestos questionam as prefeituras e governos de Estado do PT, como o de Marta Suplicy, em São Paulo.

Todos aqueles que se identificam com os chamados setores oprimidos têm muito com o que se preocupar com as posturas do PT. Negros e mulheres que já são historicamente marginalizados e superexplorados em todos os setores da sociedade poderão ser ainda mais afetados com a implementação da ALCA. Com suas novas alianças, o PT tem retrocedido na defesa da luta contra a opressão. Afinal, como é possível defender a parceria civil para gays e lésbicas e a legalização do aborto, por exemplo, ao lado dos homofóbicos do PL e da Universal do Reino de Deus? Como será possível lutar contra o racismo juntamente com aqueles que, cotidianamente, demonizam a cultura afro-brasileira?

A campanha eleitoral do PT vai ser quase idêntica a dos partidos burgueses, tentando mostrar pequenas reformas de compensações sociais como os programas bolsa escola, etc, como as soluções para o país. As alternativas de centro-esquerda como o PT, que se propõem a administrar a crise do capitalismo, já demonstraram sua falência com a derrubada de Fernando De la Rúa na Argentina e as derrotas da social-democracia européia. O país necessita de um programa claro de esquerda, socialista, de um programa de ruptura com o capitalismo que resuma as reivindicações mais sentidas dos trabalhadores e suas aspirações históricas.

É necessário construir uma alternativa de esquerda pra valer nas lutas diretas dos trabalhadores e dos jovens, assim como nas eleições. Hoje começa a se construir um movimento que está levando adiante a campanha contra a ALCA (MST, Consulta Popular, Pastorais Operária e da Juventude, PSTU) que pode ser uma alternativa para os ativistas do movimento operário, popular e estudantil.

Nem a direção nem as principais correntes da esquerda petista estão participando desta campanha. Esses setores estão empenhados em suas eleições, participando apenas formalmente da campanha, adaptados à institucionalidade burguesa.

Para nós, as ações diretas das massas é que vão mudar o país e não as eleições. Participamos das eleições para utilizar este espaço limitado apresentando um programa de esquerda para valer e ajudar a fortalecer este movimento contra a ALCA. Colocamos nossa campanha a serviço das lutas dos trabalhadores e da juventude, e chamamos a que se integrem a ela todos aqueles ativistas que estão contra o programa de direita que o PT está defendendo.


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