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Entrevistas

Carlos Alberto Torres relembra título da seleção no Pan-63

Folha Imagem
RODOLFO LUCENA
Editor de Informática da Folha de S.Paulo

Carlos Alberto, o Capitão do Tri, marcou o último gol da final contra a Itália, em 1970, completando um lance que encerra toda a mágica do futebol. Mas muito antes, ele participou da campanha vitoriosa da equipe nacional nos Jogos Pan-Americanos de 1963, em São Paulo. Na entrevistas que segue, feita por telefone, Carlos Alberto Torres, carioca nascido em 17 de junho de 1944, conta um pouco da conquista do título pan-americano.

Clique aqui para ler a entrevista com Jairzinho, que também fez parte da seleção brasileira que ganhou o Pan-63.

Folha: Carlos Alberto, como foi sua participação no Pan de 1963?
Torres: Eu era jogador do Fluminense, já era titular do time profissional. Tinha 18 anos. Em 1963 teve um fato que para mim marcou, eu não esqueço, porque já naquela época eu era apontado como futuro titular da seleção brasileira. E a seleção brasileira, na mesma época do Pan, teve uma excursão para a Europa. Foi até uma excursão meio..., que não foi bem, não é? O time sofreu, perdeu da Bélgica, parece que de 5 a 1 [exatamente], quer dizer, não foi bem a seleção, mas eu estava cotadíssimo para jogar naquela seleção que foi para a Europa. Foi o próprio João Havelange, que era presidente da CBD, na época, que não permitiu que eu fosse. Ele falou que eu teria que jogar o Pan-Americano. Quer dizer, foi bom para a minha carreira, primeiro porque eu não fui naquela excursão em que os resultados foram péssimos, e segundo porque pude jogar o Pan-Americano e ganhar o título, não é?

Folha: Como foi sua carreira até chegar ao Pan? Como você começou?
Torres: Ah, eu morava na Vila da Penha, que é o berço de vários jogadores: Romário, Wanderley Luxemburgo, meu próprio filho Alexandre Torres também começou lá, enfim, e outros jogadores, na época, porque era onde havia campos de pelada. Dali eu fui para o Fluminense, com 15 anos, 15 para 16, jogar no juvenil. E, com apenas dois anos, você veja, que isso aí foi no ano de 60, eu tinha 15 para 16 anos, início de 60, antes de três anos, eu já era titular do time do Fluminense, do juvenil até o time principal.

Folha: E daí você já estava ganhando? Ou seja, estava vivendo do futebol?
Torres: Já dava um pouquinho, não é? Comprar um carrinho usado, um Volkswagen, não um carrinho importado como é hoje. Em 63, eu comprei um Volkswagen 60.

Folha: Foi a sua primeira compra com o que ganhava no futebol?
Torres: É, foi a primeira coisa mesmo, porque eu tinha dificuldade, porque eu morava na Vila da Penha e para chegar nas Laranjeiras, onde eu treinava, ou ia de ônibus ou pegava carona, não é? Com quem morasse na Vila da Penha e morasse na cidade. Eu levava mais de uma hora, uma hora e meia pelo menos, para ir da minha casa até as Laranjeiras. Então, a compra do carro foi mais uma questão de me facilitar a ida para as Laranjeiras, diariamente, não é.

Folha: E como foi no Fluminense?
Torres: Então, eu comecei no juvenil em 60. Em 62, eu comecei a ter as primeiras oportunidades com Zezé Moreira, que era o técnico do time principal. Ele me colocava sempre em alguns jogos do time principal. Depois, a minha oportunidade real de me tornar titular do Fluminense foi num Torneio Rio-São Paulo em 63. Aí o Jair Marinho era o titular, eu era do time juvenil e aspirante. Naquela época, eles aproveitavam o time juvenil para jogar no aspirante, porque naquela época não tinha categoria de juniores, então, até 18 anos mesmo era juvenil. Aí, o Jair Marinho, infelizmente, teve um lance no jogo contra o Botafogo pelo Torneio Rio-São Paulo, fraturou a perna, num lance com o Amarildo, e eles me pegaram no juvenil e me colocaram no titular e eu fiquei. Isso foi no início de 63, fevereiro, março, alguma coisa assim, quer dizer, ainda tinha 18 anos, ainda ia completar 19 naquele ano em julho e aí fiquei como titular.

E ainda teve um outro fato, que era o Torneio Rio-São Paulo acontecendo enquanto tinha também o Pan, não é. Nós ficamos concentrados no Morumbi. Naquela época, não tinha nada ali, tinha só o campo do São Paulo e meia dúzia de casas, daquelas casas bonitas que tem hoje, não é? Então, nós treinávamos lá e ficamos concentrados um mês, mais ou menos, nos preparando para o Pan-Americano.

Eu me lembro que, naquela época, quando nós estávamos concentrados, o Fluminense foi jogar no Pacaembu contra o Santos. Foi um puta dum jogo. Aí eu fui convocado pelo Fluminense e fui liberado pela CBD, na época, e eles me permitiram que eu jogasse esse jogo contra o Santos. Foi um sábado à noite no Pacaembu, eu me lembro que nós ganhamos de 4 a 2 do Santos. O grande Santos, e eu garoto... Rapaz, foi, eu lembro, uma emoção filha da mãe para mim, eu joguei muito bem e o Fluminense ganhou de 4 a 2. Um detalhe interessante que eu não consigo esquecer no decorrer do jogo, porque eu ia muito para a frente e voltava, porque naquela época tinha o ponta para marcar. Hoje, não, hoje o cara só vai, não é? Naquela época, a gente tinha que ir e voltar para marcar o ponta. O ponta do Santos era o Pepe. O Pepe era um grande jogador. E eu lembro que o Pelé falava para o Pepe: "Pepe, não volta, não, que o garoto aí vai muito para a frente, vou meter a bola nas costas dele". Mas só que eu era muito rápido, eu chegava muito junto no Pepe, não é? Eu ia, eles metiam a bola lá, eu chegava e tomava a bola do Pepe. Foi um jogo assim. Tive muitos jogos na carreira, mas esse em especial tem detalhes que a gente não esquece. E, aí voltei depois do jogo para a concentração do Morumbi.

Folha: E como era a concentração?
Torres: Veja bem, o técnico nosso era o Antoninho, não é? O Antoninho, que depois viria a ser olheiro da seleção. Antoninho foi quem, praticamente, descobriu os grandes jogadores aí hoje no futebol. Ele faleceu há uns dois ou três anos, infelizmente. Bom, e o Antoninho era o técnico do Fluminense também, mas ele estava se dedicando naquele momento a preparar a seleção. O Antoninho era um cara bacana. Nós ficamos muito tempo lá concentrados, aproximadamente um mês, eu não sei te dizer exatamente o tempo, mas foi mais ou menos um mês porque existia um interesse muito grande da CBD em preparar um time para ser campeão. A competição sendo disputada aqui no Brasil, então, eles queriam que a gente, realmente, conseguisse alcançar o título, e o Antoninho era um cara muito legal e pelo fato de a gente ficar lá no Morumbi que, naquela época, não tinha nada. Tinha o campo do Morumbi e não tinha mais nada. O Palácio do Governo naquela época já existia e não tinha absolutamente mais nada.

A gente ficava ali. A concentração do São Paulo, no estádio, eu acho que ainda existe, os quartos. Então, era grande, sabe? Tinha umas salas para assistir televisão e jogos e a garotada, todos nós éramos bastante jovens, então, todo mundo animado com a perspectiva de ganhar a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos. Então, era um ambiente gostoso que a gente tinha.

Folha: De quem você lembra mais? Quem se destacou no futebol?
Torres: A gente não pode esquecer, por exemplo, o Nenê, que era do Santos e foi para a Itália, não é? Jogou, acho que até hoje ele vive lá na Itália. O outro, o Luís Henrique, que hoje é supervisor aí, não é? Aliás, por sinal, o melhor supervisor que existe aí no futebol brasileiro. O Arlindo, que foi para o México e continua morando no México até hoje.

Folha: Você lembra de um Airton Baptista Santos, que marcou oito gols contra os Estados Unidos?
Torres: Ele foi centro-avante do Flamengo, jogou na seleção. Em 64, no ano seguinte, teve a Copa das Nações, foi a seleção principal e aí eu já fui como titular, o Airton foi como reserva. O Jairzinho foi nessa seleção também, em 64.

Folha: Você lembra dos adversários do Pan?
Torres: O único adversário que eu lembro, sinceramente, é os Estados Unidos, que nós metemos uma goleada neles.

Folha: Bem, o Pan foi sua primeira conquista com a seleção. Conte como seguiu sua carreira?
Torres: Você veja, aí eu já era titular do Fluminense. No ano seguinte, com 19 anos, titular da seleção brasileira, pô, barrei o Djalma Santos. Na Copa das Nações, fomos convocado eu e o Djalma e eu fui o titular. Mas o Brasil não ganhou o título não, quem ganhou o título foi a Argentina. Nós ganhamos da Inglaterra, no Maracanã, perdemos da Argentina em São Paulo e ganhamos de Portugal no Maracanã. Nós ficamos com o segundo lugar na Copa das Nações. Mas aí já como titular.

Aí no ano seguinte, me transferi para o Santos, no início do ano de 65 e continuei sendo convocado para a seleção. Várias vezes, apesar de não ter ido à Copa do Mundo de 66, que até hoje eu não sei por quê. E o pessoal daquela época também não sabe o porquê de eu não ter ido, porque já na época eu era cotado como o melhor lateral do Brasil, não é? Era titular da seleção em todos os jogos de preparação aqui no Brasil, jogos amistosos, e uma semana antes anunciaram que eu não iria para a Copa do Mundo.

Foi assim uma decepção grande. A própria imprensa, o torcedor ninguém entendendo por que eu não fui. Por outro lado, foi até bom, porque o Brasil fracassou na Copa de 66.

Depois, em 67, eu já voltei a ser convocado para a seleção e aí até já como capitão da seleção. Apesar da pouca idade, eu tinha 23 anos de idade, mas o fato de já em 67 eu ser capitão do Santos. Depois que o Zito abandonou o futebol, eu fui guindado à função de capitão do time do Santos, do timaço do Santos, não é? E, com certeza, o fato de eu ser, na época, capitão do time do Santos, que era o melhor time do Brasil e do mundo, ajudou a que eu fosse escolhido capitão da seleção. E eu fiquei capitão da seleção até quando eu parei de jogar na seleção brasileira.

Folha: Apesar de ser lateral, você marcou uma quantidade razoável de gols em sua carreira?
Torres: É, eu fiz bastante gols. Olha, segundo uma vez me foi dado, eu fiz acho que cerca de 85 gols, porque eu fiz muitos gols também no Fluminense, na seleção brasileira, não é? Acho que foi 85 gols. Isso que me foi dado, não é? Eu nunca me interessei muito. Naquela época, também a gente tinha poucos recursos de estatísticas, de ter dados, filmes.

Eu não tenho nada. Da época em que eu joguei aqui no Brasil eu não tenho nada de coisas minhas. Tenho algumas coisinhas da Copa de 70, tenho alguns jogos. Jogos, não é? Mas não tenho assim de mim fazendo gols. Eu não tenho da época, mesmo na época de Santos e do próprio Fluminense de 76, antes de eu ir para os Estados Unidos, eu não tenho quase nada aqui comigo guardado.

Em alguma época aí deste ano e do ano que vem, vou pegar uns seis meses assim para fazer um levantamento de coisas minhas nas televisões, em arquivos de jornais. Eu estou pensando em escrever um livro daqui a uns dois ou três anos, então eu vou precisar de muita coisa que tem guardada aí nos arquivos.

Folha: Falando nisso, qual foi o momento mais emocionante da sua carreira, foi o gol lá contra a Itália?
Torres: Ah, foi. O gol é o grande momento do futebol. E aquele gol no fim do jogo liquidou definitivamente com qualquer dúvida ou esperança que a seleção italiana ou a própria torcida pudesse ter, não é? Os 3 a 1 contra um puta de um time contra os italianos, de repente os caras podem até empatar, e aí a gente está devendo futebol, não é? Mas o quarto gol eliminou qualquer chance que a seleção da Itália pudesse ter ainda no jogo. E a jogada do gol não é? Porque não é só o gol. O o gol que eu fiz, tudo bem, eu que dei o chute final, mas a jogada que antecedeu o gol é que foi uma coisa.

Folha: O passe do Pelé?
Torres: Não, começou lá atrás, com o Clodoaldo, não é? Ele driblou quatro italianos só com o corpo, aí dali para o Rivelino, do Rivelino para o Jairzinho, do Jairzinho para o Pelé e o Pelé dando aquele passe para mim. Quer dizer, a jogada do gol foi muito bonita, não é? Porque, às vezes, a gente vê aí em jogos jogadas maravilhosas, mas que não resultam em gol. Agora, foi uma jogada sensacional, que resultou num gol.

Folha: E envolveu o time?
Torres: A metade do time. Porque eu não lembro, não sei se foi o Piazza ou o Gerson, alguém tirou a bola do jogador italiano e deu para o Clodoaldo. Quer dizer: já é um jogador, ou Piazza ou Gerson, Clodoaldo, Rivelino, três, Jairzinho, quarto, Pelé, cinco e eu seis, metade do time, sem que os caras tocassem na bola.

Folha: Foi mais legal do que erguer a taça?
Torres: Ali liquidou, não é? Então, a emoção maior, porque aí você junta a feitura do gol com a certeza da conquista do título. Quer dizer, duas emoções numa só e que, po, eu lembro que todo o time correu, na hora que eu fiz o gol. Todo o time correu para cima de mim e todos nós nos congratulando, nos abraçando e alguns chorando, entendeu?... Eu chorando.

Foi um negócio, logo após a feitura do gol, a marcação do gol foi um momento que eu não esqueço, a gente não consegue esquecer e, principalmente, porque até hoje você veja, em todo mundo, esse gol que eu fiz é considerado até hoje o terceiro gol mais bonito de todas as Copas. Então, quando tem Copa do Mundo lá vem o gol. Então, a gente não consegue esquecer. Você veja, muita gente você pergunta, quem fez o primeiro gol do Brasil? Muita gente não lembra. Quem fez o segundo? Agora, quem fez o último gol da Copa de 70? A maioria das pessoas lembra, porque marcou muito, não é?

Não é pelo gol, porque eu cheguei ali e dei uma porrada, bom um passe daquele Pelé. Não foi um passe que eu chutei, driblei, não. A feitura da jogada, na minha opinião é que marcou aquele gol que eu fiz.

Folha: E depois você jogou até que ano?
Torres: Joguei até 82, depois eu terminei jogando lá fora. Foi no ano de 81, mas num campeonato em que eu fui emprestado pelo Cosmos, fui lá, depois retornei já com a intenção de terminar minha carreira. Já estava com 37 anos para 38, mas aí o Cosmos pediu que eu jogasse mais um ano, que eles queriam me homenagear e fizeram um jogo de despedida contra o Flamengo lá em New York, uma festa muito bonita, por sinal.

Folha: O futebol te enriqueceu?
Torres: É, olha, enriqueceu pelos conhecimentos, experiência, entendeu? Agora, não, que na época, quando você diz, na época em que eu jogava, não é? Eu apenas adquiri experiência, conhecimento, enfim, mas financeiramente aquela não se ganhava. Eu? Eu tenho certeza que se eu jogasse futebol hoje ficaria bilionário, não era milionário, não, ficaria bilionário. Ia ganhar muito dinheiro. Comparando com aquilo que alguns jogadores ganham hoje. Alguns jogadores que eu digo, alguns jogadores top, não é? Tem jogador aí que ganha US$ 100 mil, US$ 200 mil, eu ia ganhar igual ao Ronaldinho. Isso sem falta modéstia. Agora, eu sigo trabalhando no futebol como treinador, então não posso deixar de reconhecer que toda vez que eu trabalho, eu ganho dinheiro.

Eu consegui me colocar pelo trabalho que eu fiz como campeão brasileiro pelo Flamengo. Já fui campeão pelo Fluminense, pelo Botafogo, já trabalhei no Corinthians duas vezes, Atlético-MG, enfim. No Flamengo... Isso aí o que fez? Me colocou num nível não inferior à maioria dos treinadores. Eu não posso dizer a você: não, estou no mesmo top do Wanderley Luxemburgo ou do Zagalo ou do Carlos Alberto Parreira, não estou, porque, infelizmente, encontro problema para fazer um prosseguimento da minha carreira, não sei por quê.

Você veja, eu estou sem trabalhar. Eu trabalhei no Flamengo o ano passado, tirei o time do rebaixamento, levei o time para a final da Copa Mercosul, mas, infelizmente, é um negócio, que eu não sei explicar, eu não tenho reconhecido o meu trabalho. Senão, estaria preparando um time aí para o campeonato brasileiro.

Mas, infelizmente, eu não consigo ter uma seqüência, por exemplo, de pegar um time hoje e ficar até o final do ano que vem como alguns treinadores ficam, conseguem ficar, infelizmente. Mas, eu consegui chegar num patamar que, quando eu trabalho, eu ganho dinheiro. Não é contratinho de meia dúzia de reais, é contrato bom. Então, aí eu consegui fazer minha vida, graças a Deus, mas não como jogador. Como jogador, realmente, não.

Folha: E como técnico qual foi sua maior conquista?
Torres: Olha, eu já conquistei alguns títulos, um Campeonato Brasileiro é um título importante. Poucos treinadores ganharam Campeonatos Nacionais. O Minelli foi campeão três vezes, O Wanderlei Luxemburgo também. O Telê Santana ganhou dois, mas eu ganhei um com o Flamengo. Mesmo assim, eu faço questão de falar, a grande conquista que eu tive no futebol brasileiro, como técnico, foi no ano retrasado ter tirado o Flamengo do rebaixamento. Para mim, foi uma conquista. Imagine um clube da importância e da grandeza do Flamengo indo para a segunda divisão.

Folha: É, e ele já estava quase lá?
Torres: Aí, quando me chamaram, eu consegui tirar o time do rebaixamento, quer dizer, eu junto com todo mundo. Não fui eu sozinho, claro, mas eu no comando do time. Fui lá e tirei o time do rebaixamento.

Folha: E a que você atribui o fato de você não conseguir dar continuidade aos trabalhos?
Torres: Juro por Deus que eu não sei. Eu gostaria muito de hoje estar preparando o time. Por exemplo, eu estava agora recentemente fazendo, ainda estou, não vou dizer que não estou, estou ligado ainda a um clube no Haiti.

Folha: No Haiti?
Torres: No Haiti, é. Eu fui lá em outubro de 2002, fui convidado para participar de um evento, não é? Aí fui lá, me convidaram, cheguei lá, conversando com o dono do time, Violetti. Fiquei hospedados na casa dele. É um cara muito rico lá, sabe? Aí conversando com ele, trocando idéia, ele me convidou para trabalhar com ele, mas não aquele convite de ficar lá o tempo todo, mas sim para dar idéias. Aí ele me pagou uma quantia lá, pagou adiantado: "Olha, você assume um compromisso comigo até o final de janeiro". Eu falei: "Está legal. Depois, a gente conversa se você quiser continuar".

Fui lá, montei o Departamento de Futebol para o cara, montei o Departamento Médico. Comprei o material aqui no Brasil, ultra-som, ondas curtas, infravermelho, remédios, mandei dois baús de medicamentos para o time. Hoje, temos tudo montado, mesa de massagem, porque não existia isso lá. Ao mesmo tempo, ele pediu, em janeiro, para eu preparar o time para o campeonato que está sendo disputado agora. Então, eu tenho orgulho de dizer que o trabalho que eu, junto com algumas pessoas que eu levei, preparador físico, preparador de goleiro, massagista, fisioterapeuta.

Hoje o nosso time é considerado o melhor do Haiti, por toda a imprensa. Eles falam que é o único time que tem padrão de jogo e não sei o quê. Ô, isso é legal, eu tive a chance de em outubro o cara falar comigo, me convidar. Aí fui a um torneio na Jamaica. A repercussão da participação num torneio da Jamaica, e nós ficamos em segundo lugar, perdendo no saldo de gols para o Anet Garden, que é o melhor time da Jamaica, base da seleção da Jamaica, que foi à Copa do Mundo de 1998, entendeu? E nós empatamos de 0 a 0 na decisão contra esse time e dominando o jogo. Então, no Haiti, a repercussão, que foi mostrado na televisão, eu hoje, graças a Deus, tenho um puta dum nome lá no Haiti, entendeu?

Folha: Hoje você mora onde??
Torres: Eu estou morando na Barra da Tijuca. Meus filhos já estão grandes, não é? Tenho uma filha, também, tenho quatro netos, apesar da pouca idade, eu casei cedo, tive meus filhos cedo também. Nós temos uma família feliz.

E agradeça todo dia a Deus que você está vivo, que você pode olhar, pode andar, pode comer. Seja agradecido a Deus. Não peça nada. Agradeça. Essa é a minha mensagem.

E-mail: rlucena@folhasp.com.br

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