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varejo

coisa de amiga
marcas pequenas ganham clientes com boca-a-boca e peças exclusivas

Raia de Goeye, Adriana Barra e Carmelitas são algumas das novíssimas empresas que crescem até 300% por estação com base em um sistema aparentemente simples: produzem muitos itens lançados em várias coleções durante o ano, o que mantém as lojas sempre cheias de novidade. "Quem compra aqui nunca vai chegar em uma festa e dar de cara com outras duas convidadas usando a mesma bolsa", afirma Mariana Silva Telles, da RSVPurse, uma marca de bolsas de festa feitas à mão.

A quantidade das peças que Adriana Barra, 29, faz e vende na charmosa loja em uma vila dos Jardins depende da quantidade de tecido que encontra. Só 30% dos modelos são feitos com tecidos que estão no mercado. Estes são "reproduzidas" no máximo 20 vezes, em cores diferentes. O forte da marca são roupas feitas com tecidos antigos, colchas, retalhos, toalhas de mesas e panos de prato... Às vezes, o material dá para fazer um item exclusivo que logo desaparece da arara.

A loja foi aberta há seis meses e, se a primeira coleção teve apenas 110 peças, para a próxima, de verão, serão produzidas 1.800. O conceito: "Minha roupa é extremamente fácil de usar, mas a construção não é tão simples. Ela é sexy de uma maneira diferente".

A marca de bolsas para noite RSVPurse nasceu na cozinha de Adriana Gelpi, 37. Hoje, dois anos depois, tem pontos de venda em 25 cidades brasileiras, loja na Oscar Freire e três coleções exclusivas vendidas nas boutiques multimarca Daslu, NK Store e Grá, em São Paulo. Mariana, sócia de Adriana e ex-estilista da NK Store, conta que o segredo de a clientela voltar sempre (e trazer as amigas) é que toda semana tem novas bolsas nas prateleiras. A equipe de bordadeiras conta com 50 profissionais trabalhando em tempo integral.

Tudo é feito à mão mesmo. "Aqui não tem essa coisa de enfiar o couro numa máquina e a bolsa sair pronta do outro lado. Nossas clientes valorizam isto", diz Mariana. A mídia especializada também adora.

Há dois anos, Paula Raia, 26, Fernanda de Goeye, 27, e Ana Paula Vilella, 26, abriram a Raia de Goeye. Organizadas e comedidas, previam um crescimento de 30% por ano. Até que o Natal chegou e uma semana antes elas levaram um susto: 95% da coleção que era para durar todo o verão já tinha sido vendida.

Ajuda no sucesso da marca o fato de Fernanda e Paula já terem clientes fiéis da época em que trabalharam em outras marcas (Mixed e Daslu).

A Raia de Goeye, porém, opera com sistema de exclusividade. Há no máximo oito peças de cada modelo. O jeans é o único item feito em grande quantidade e a calça solta, com bolso baixo e masculino, já virou coqueluche. O conceito: "A gente é contra produtos massificados, que deixam todo mundo com o mesmo estilo. Por fazermos poucas peças de cada item, no lançamento a loja vira uma loucura, com todo mundo querendo escolher primeiro". A Pepper é uma segunda linha, de peças feitas à mão e muito trabalhadas, que funcionam como a "pimenta da roupa".

Samuel Duek foi por dez anos coordenador de estilo da Triton e Fernanda Mammana a coordenadora de varejo. A marca Duek e Mammana nasceu há um ano com a proposta de não ter compromissos com lançamentos semestrais. Em seis meses, eles lançam várias minicoleções de até 30 peças. Atualmente, são dez pontos de venda pelo Brasil e um showroom nos Jardins, que também vende para o consumidor final. "Nosso compromisso é com exclusividade, atualidade das peças e com o que a gente está gostando em um determinado momento. Deixa a obrigação com grade de tamanho e com data de lançamento para quem é grande e precisa seguir as regras do mercado", diz Samuel.

A Pelu é a mais nova boutique dos Jardins, inaugurada no início de junho. Opa, boutique não: espaço. A idéia tem três donas, Claudia Tannus, 26, Ducha Oliveira, 24, e Helena Linhares, 25, que já trabalhou no marketing da Iódice e da Kenzo, em Paris, de onde voltou no começo do ano. A Pelu fica em uma linda vila do arquiteto Flavio de Carvalho. Mistura lounge, bar, revistaria e um cabeleireiro, que elas chamam de peluqueria. As roupas são divididas em dois setores: o Retrô, um tipo de brechó fino e com peças superselecionadas, e o Jovens Estilistas, onde ficam as criações exclusivas de nomes até agora fora do mercado. "Nossa cliente pode vir para cá depois do trabalho e sair daqui pronta, temos todos os serviços de que ela vai precisar, tudo muito exclusivo e despretensioso", diz Helena.

Customização, para a moda, é retrabalhar uma peça que já existe. A evolução de customizar é personalizar, criar uma roupa nova de modelo exclusivo, sempre com algum toque manual, como apliques e bordados. A rainha disso é a marca Carmelitas, de Karen Tognato, 27, e Carla Gaspar, 31, antes na Les Filós. A marca nasceu há três anos e hoje tem 35 pontos de venda. Nenhuma peça é igual à outra. O resultado agrada: a marca está na Daslu e é vista nas telas da MTV.

alexandra farah


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