Folha de S.Paulo Moda
* número 18 * ano 5 * sexta-feira, 11 de agosto de 2006
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A próxima onda fashion



Da esq. para a dir., Tiago e Pedro, da Subject 2 Change; Mario, da Pierre; Roberto, da Ash; Brian, da Pierre; Guil, da Ash; em pé, Giuliana Romano e Patrícia, da Laundry. Os estilistas vestem suas próprias criações

Jovens estilistas descartam tendências internacionais e propõem moda mais pessoal e inspirada nas ruas

Nada de cópias nem de correr atrás das tendências que estão dominando as passarelas mundo afora. Se depender da nova geração de estilistas que começa a despontar no Brasil, o caminho para conseguir um lugar ao sol no disputado mundo da moda está na criação de identidades pessoais fortes e na capacidade de capturar os desejos que vêm das ruas. “Não somos excêntricos como os ingleses, refinados como os franceses nem conservadores como os italianos. Temos referências populares muito fortes”, analisa Giuliana Romano, 30, que largou uma carreira de oito anos no mercado financeiro para se dedicar à moda.

As roupas de Giuliana, que abriu seu primeiro ateliê no final do ano passado, são para garotas que gostam da praticidade do guarda-roupa masculino, mas não abrem mão de toques e detalhes ultrafemininos. Mulheres como... a própria Giuliana. “Faço roupas que gostaria de comprar. Não sigo tendências e dou ênfase à qualidade das peças. Tudo tem a minha cara.”

Destaque no casting da Casa de Criadores, evento que reúne desfiles de estilistas iniciantes, Patrícia Grejanin, 32, e sua marca, a Laundry, também conseguiram decolar graças ao estilo pessoal da criadora. “É uma roupa fofa e rocker”, define. Não por acaso, a grife já é uma das preferidas das jovens que flertam com o gótico, com o punk e com o hardcore, incluindo aí a turma emo. “Consegui formar um público autêntico, que curte música acima de tudo e se identifica com o meu estilo de criação.”

Também foi de uma inspiração metropolitana, mais especificamente a cena do grafite paulistano, que surgiu a grife Ash, hype entre os modernos. O estilista Guil Macedo, 25, fez vestidos de festa e chegou a trabalhar para a Daslu. Mas a carreira mudou de rumo quando ele resolveu largar os modelões de alta-costura para virar parceiro do ilustrador Roberto Leme, 26, que é um dos artistas da galeria Choque Cultural, especializada em arte de rua. “Queremos trazer o universo do grafite para a roupa. Desde a modelagem até a estampa, a identidade com o movimento é muito forte”, afirma Guil.

O mais novo do grupo, Pedro Rehnman, 20, também aposta no grafite como diferencial de sua marca. Filho da editora de moda Erika Palomino, Pedro resolveu trilhar sua própria história fashion e abriu, neste ano, a grife de streetwear Subject 2 Change, em sociedade com o empresário Felipe Tamegão, 30. Para ajudar na criação, chamou outro colega, Tiago Nicastro, 19, e um time de grafiteiros top, que inclui nomes como Titi Freak e Deddo Verde. “As pessoas estão cansadas da mesmice das grandes grifes. E é aí que entram as pequenas marcas, mais originais, que estão se multiplicando”, diz Pedro.

Mais radicais, os camiseteiros underground Brian, 25, e Mario De Mario, 26, da Pierre Modas, sequer acreditam em público-alvo e descartam rótulos de estilo. “Vendemos no sistema boca-a-boca. As camisetas são para qualquer um que goste do nosso trabalho”, conta Brian. A dupla começou no mercado de ilustração, trabalhando para revistas. Depois, desenvolveram estampas para a grife Amonstro e acabaram usando a experiência acumulada para criar suas próprias camisetas. Mesmo sem loja nem representantes, os estilistas estão conseguindo bons resultados, usando a internet como ponto de venda. “Temos um site com as peças, vendemos por email e em alguns bazares. Como tem dado certo, vamos começar a fazer moletons também”, completa Mario. É a new wave da moda brasileira abrindo novos caminhos.

texto Vivian Whiteman
foto Mário Daloia

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