São Paulo, sexta-feira, 20 de abril de 2001


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O novo clássico italiano

Em meio à ameaça da recessão internacional, marcas firmam excelência do made in Italy

DA ENVIADA ESPECIAL A MILÃO

Tentando preservar seu espírito de elegância e atrair novas consumidoras, os pilares do prêt-à-porter exercitam-se com parcimônia dentro do território das tendências. Com discretos arroubos de criação, mas muita roupa de qualidade, esta temporada de outono-inverno 2001/2002 viu a consolidação do made-in-Italy, embasado por saudáveis números de vendas em todo o mundo.
Grandes marcas como Max Mara (e sua segunda linha, a Sport Max), Versace e Versus, Dolce & Gabbana e D&G visam garantir o interesse do mundo pela moda italiana. Dos três grupos, a Dolce & Gabbana foi a que menos mudou -no que fez muito bem. Para que mexer em time que está ganhando? A estética está menos rebuscada e menos extravagante; o barroco country da outra coleção manteve a silhueta clássica da dupla de estilistas, dando lugar a um hippismo boêmio, com muitas pérolas, pedrarias, peles e acessórios de luxo. Está vendendo feito água e assim deve continuar.
Versace, por sua vez, talvez não tenha se saído tão bem, principalmente em sua tradicional seara de vestidos de noite. Por outro lado, a estilista Donatella Versace conseguiu realizar a transição de um prêt-à-porter de bibelô em direção a uma imagem de mulher mais "inteligente" e executiva para o dia, mais "working woman" mesmo. Para um território dominado por louras-com-bronzeamento-artificial, esse reposicionamento significa muita coisa.
Quem quer mudar de imagem também é a Jil Sander, agora sob nova direção. O diretor criativo Milan Vukmirovic, ex-comprador da loja fashion francesa Colette, assumiu o lugar da estilista que dá nome à casa e começa um processo para rejuvenescer a imagem da marca e atingir jovens e endinheirados fashionistas. Economia (formal) é a palavra de ordem, com rigor russo e perfume vitoriano. Se o resultado, pós-minimalista (em preto, azul, vinho e branco), ainda não agradou de todo aos editores de moda, essa evolução se constitui num interessante modus operandi, objeto de observação de qualquer fashionista.
Verdadeiro ícone do estilo italiano, Giorgio Armani põe mais uma pedra em seu castelo e acerta nas duas coleções -na linha principal e na segunda marca, a Emporio Armani. Trabalhando minuciosamente sobre o detalhe e sobre os cortes que domina tão bem, Armani desta vez brinca de balé, em silhuetas que lembram as dançarinas de Degas e recursos de costura e proporção dignos de um mestre. Os mantôs e casacos de cashmere dublado têm entradas nos ombros que enriquecem a forma e ao mesmo tempo emprestam fluidez. Nesta estação, Armani marca presença no campo dos acessórios, nos sapatos tipo ballet e microbolsas. O mesmo sucesso e espírito de renovação apareceu na presença da sobrinha do estilista, Roberta, nos aplausos finais de passarela (fato inédito), chave do corrente frescor juvenil da linha.
Com uso das melhores matérias-primas do mundo e acabamento primoroso, de fato a indústria italiana de peças em couro atinge novos patamares. Tanto é que grifes de acessórios avançam para o vestuário, seguindo o bem-sucedido caminho de Prada, Gucci e Fendi. Esta é a temporada que aponta o crescimento da suíça Bally, que tem à frente o designer americano Scott Fellows. A idéia é atender a uma indústria de roupa de qualidade sem extravagâncias visuais, com proporções corretas. Agradou.
Já a Pucci tentou retomar a Puccimania dos anos 60, mas só se salvaram alguns looks de mantôs sobre mínis, em estampas caleidoscópio. Não é tão fácil, mesmo em tempo de revivalismo de tendências.
No meio de tanta seriedade e atenção a um novo mercado americano, mais contido, quem se destaca é Roberto Cavalli. Desta vez suas mulheres sexy encontram o fundamento neve, em delicioso exercício fashion. Foi o que sobrou da extravagância do luxo italiano. (ERIKA PALOMINO)

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