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Professor não acredita em guerra civil
NELSON FRANCO JOBIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES
Existe um risco de guerra civil
no Paquistão, em caso de uma
violenta intervenção militar americana no vizinho Afeganistão,
mas é pequeno. A não ser que haja
uma catástrofe, as armas nucleares paquistanesas estão seguras,
afirma o professor Athar Hussain,
subdiretor do Centro de Pesquisas sobre Ásia da London School
of Economics.
"Há um risco de guerra civil no
Paquistão, mas não acredito que
seja grande. Os partidos fundamentalistas têm apoio de 2% a 3%
do eleitorado. Essas manifestações de rua podem degenerar em
violência, mas foram autorizadas
pelo governo como válvula de escape", observou Hussain.
Athar Hussain admite que existe uma corrente fundamentalista
no Exército paquistanês, mas não
vê como um golpe militar possa
ser bem-sucedido.
O Exército é a pedra fundamental do Estado paquistanês. Governou o país durante 27 dos seus 54
anos de história. Todos os golpes
de sucesso foram dados pelo comandante do Exército e todos os
que fracassaram partiram de oficiais inferiores.
Para o professor da LSE, os fundamentalistas afegãos não têm
tanto apoio popular no Paquistão,
embora sejam uma peça do jogo
geopolítico paquistanês na região,
servindo, por exemplo, de base de
treinamento para os rebeldes da
região indiana da Caxemira, reivindicada pelo Paquistão:
"O Taleban é fruto das circunstâncias, é tão filho do Paquistão
quanto da CIA. O Paquistão está
envolvido na guerra civil paquistanesa desde a invasão soviética; a
CIA também. Mas, no momento,
é do interesse do Paquistão se distanciar do Taleban. Os EUA vão
suspender as sanções impostas
depois dos testes nucleares de
maio de 1998 e reforçar a aliança
entre os dois países, enfraquecida
com o fim da Guerra Fria."
O próprio Osama bin Laden,
acrescenta Hussain, "é popular no
Paquistão e no mundo muçulmano não só porque resistiu à URSS
e enfrentou os EUA, mas também
porque deixou a riqueza da família para se tornar guerrilheiro.
Mas não acredito que muita gente
esteja disposta a morrer por ele".
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