Livraria da Folha

 
06/07/2010 - 11h22

Livro captura história de Roberto Piva e companheiros de geração

PAULA DUME
colaboração para a Livraria da Folha

Quatro poetas, quatro amigos, quatro histórias que se interceptam em 50 anos de uma trajetória andarilha pelas ruas, bares, teatros, cinemas e recitais poéticos de São Paulo. Roberto Piva (1937-2010), Claudio Willer, Antonio Fernando de Franceschi e Roberto Bicelli viviam os anos 1960, respiravam poesia e desenhavam transgressão.

Com 31 livros, além de participações em antologias e textos publicados em diversos veículos, os quatro membros da chamada "Geração 60" ou "Geração dos Novíssimos" tem 50 anos de amizade e poesia esmiuçados em "Os Dentes da Memória: Uma Trajetória Poética Paulistana", das jornalistas e escritoras Renata D'Elia e Camila Hungria.

O livro-reportagem da dupla nasceu como TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) em 2008 e se transformou em uma obra que resgata e reconstrói cenários culturais marcantes na história da poesia brasileira contemporânea.

Fotomontagem/Folhapress, IMS, Plácido de Campos Júnior
Poetas da "Geração 60": Roberto Piva, Claudio Willer, Antonio Fernando de Franceschi e Roberto Bicelli
Poetas da "Geração 60": Roberto Piva, Claudio Willer, Antonio Fernando de Franceschi e Roberto Bicelli

Para compor a obra, as duas jornalistas realizaram entrevistas individuais em 2008, que renderam dezenas de horas de depoimentos. Após uma segunda rodada de entrevistas entre 2009 e 2010 e um longo trabalho de edição, a história dos quatro escritores foi entrelaçada.

Por meio de diálogos, "Os Dentes da Memória" retrata não só os bastidores das estrofes dos poetas, mas a situação editorial na qual viviam. Como exemplo, o lançamento do primeiro livro de poemas de Franceschi, em 1985, chamado "Tarde Revelada", publicado mais de 20 anos após as obras iniciais de Piva e Willer. O volume será lançado até o final deste ano pela Azougue Editorial.

Piva morreu no último sábado (3) em São Paulo, aos 72 anos, com falência múltipla dos órgãos em decorrência de uma insuficiência renal. "Tivemos um revés justamente por conta da internação e da morte do Piva. O livro estava pronto, mas tivemos que segurar", explica D'Elia.

O escritor estreou na literatura em 1961 ao participar da "Antologia dos Novíssimos", de Massao Ohno (1936-2010), na qual vários poetas brasileiros, até então iniciantes, foram lançados. Entre "Paranóia" (1963) e "Ciclones" (1997), lançou outros livros individuais e participou de antologias. Neste ano, o livro "Paranóia" foi reeditado pelo Instituto Moreira Salles.

Piva teve suas obras completas reunidas em três volumes pela editora Globo. São elas: "Um Estrangeiro na Legião", "Mala na Mão & e Asas Pretas" e "Estranhos Sinais de Saturno".

Dado Galdieri/Folhapress
Escritor Roberto Piva morreu no último sábado (3) em São Paulo, aos 72 anos, com falência múltipla dos órgãos
Escritor Roberto Piva morreu no último sábado (3) em São Paulo, aos 72 anos, com falência múltipla dos órgãos
 
Voltar ao topo da página