SÉRGIO RIPARDO
da Livraria da Folha
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Ciumento neurótico pode virar psicótico, alerta psiquiatra |
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"Vir casado a uma festa gay é uma tremenda chave de cadeia. Vai rolar barraco", vai logo avisando Alexandre, de 39 anos, no largo do Arouche, em SP. Ele conta que a paquera é mais agressiva, e os casais acabam brigando por ciúme ou traição. "Só me divirto aqui quando estou solteiro."
Passos adiante, encontro o casal Maurício, 39 anos, e Márcio, 31 anos, de mãos dadas. Confronto a dupla com a opinião de Alexandre.
"O mundo gay é muito superficial, cheio de pessoas vaidosas, exibicionistas, que só procuram sexo. Quem busca algo mais sério, com futuro, precisa respeitar o outro, ter confiança no parceiro", diz Maurício.
Atualmente, nos locais públicos, há uma maior visibilidade dos casais gays. Também percebo mais casos de brigas e discussões em ruas, bares, restaurantes e clubes, até envolvendo casais que adotam relacionamentos abertos.
Em casa, lembro de um ótimo livro sobre essa doença que desgasta e destrói uma relação: "Ciúme - O Lado Amargo do Amor" (editora Ágora, 112 páginas), do psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos.
Ele sustenta que, em momentos de aperto financeiro, o ciúme aflora com mais força, pois o desemprego e a perda do poder aquisitivo abalam as pessoas, que direcionam tudo para a relação afetiva e temem ser excluídas também nessa área.
Eis algumas dicas para controlar o fogo do ciúme doentio.
Assuma seu ciúme
Com a liberação sexual e a era do individualismo, virou cafona admitir ser ciumento. Todo mundo quer ter fama de pegador, aberto a aventuras. Há quem se julgue superior só por repetir "não tenho ciúme, eu me basto, eu sou mais eu". Mas o estudioso adverte: expressar o ciúme faz bem à saúde. Não guarde essa energia negativa. Não tenha vergonha. Libere a tensão. Desate o nó. Nenhuma relação é 100% segura.
Daia Oliver |
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Casais gays já não se importam em expor relacionamento em público |
Investigue seu passado
Você cresceu achando que vale pouco, em um ambiente de abandono, infidelidade ou desejos negados? Isso ajuda a explicar o medo, a ideia fixa de que, por não ter valor, você será trocado a qualquer momento. Não projete sua desconfiança em todo mundo. Não repita emoções dolorosas do passado. Não se anule. Evite a extrema dependência financeira e emocional. Com baixa autoestima e histórico de fracassos, o ciumento revive antigas experiências de exclusão na família ou escola.
Respeite a privacidade
O ciumento vive um inferno e pode ser abusivo na marcação cerrada: vasculha bolsos e bolsas, revisa telefones, xereta e-mails, busca manchas na cueca ou preservativos no lixo, quer controlar os movimentos do outro. Essa invasão piora tudo: o parceiro vai se afastando e acha um amigo para desabafar. Numa dessas oportunidades, se apaixona pelo confidente, consumando a traição, antes só uma suspeita.
Ele manipula seu ciúme
Há quem cause ciúme no parceiro como jogo vaidoso de sedução para prendê-lo. De propósito, o parceiro faz tudo que desperta a desconfiança no outro, uma forma sádica ou oportunista de gerar brigas e reconciliações. Questões a fazer: por que meu parceiro está comigo? O que ofereço? Mostro quem sou realmente ou fantasio? Por que coloco todas as energias nele? Me falta algo? Lido bem com a solidão? Você não precisa do outro para viver, para se sentir completo, satisfeito.
Trate o ciúme
A Bíblia reforçou a ideia de posse e poder nas relações, valorizando o ciúme. "Quem não sente ciúme é porque não ama", proclamou santo Agostinho. Essa herança judaico-cristã tornou o ciúme como algo aceitável, uma prova de amor. Mas não se engane. O ciúme pode detonar um sério transtorno de personalidade, com quadros de obsessão e paranoia, tratados com medicação e terapia. "A baixa autoestima do ciumento pode estar ligada à falta de serotonina no organismo", defende o autor do livro. A serotonina é a substância responsável pela sensação de prazer que melhora a capacidade de discernir e tomar decisões. Só o psiquiatra pode receitar as "pílulas da felicidade".
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