Publifolha
18/02/2008 - 20h00

Conheça a história do território e a origem do nome Kosovo

da Folha Online

O livro "A Origem dos Nomes dos Países" traz uma pesquisa inédita sobre as origens das diferentes denominações dos países, regiões e ilhas do mundo. O título é da Editora Panda Books e está à venda no site da Publifolha. Conheça mais sobre o livro.

O autor Edgardo Otero apresenta a etimologia de alguns nomes históricos e o significado dos nomes de cidades importantes da Antiguidade, inclusive como eram conhecidos os países em outros tempos.

Reprodução
Livro traz a origem e o signicado do nome de países e ilhas
Livro conta a história e apresenta a origem e o signicado dos nomes de países e ilhas

Leia abaixo um trecho sobre a história e a origem do nome Kosovo.

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KOSOVO

  • Kosovar

O território do Kosovo situa-se no que atualmente se conhece como península dos Bálcãs. Esse termo foi usado de maneira incorreta pela primeira vez em 1808, pelo geógrafo alemão Johann August Zeune. A referência mais antiga à palavra "Bálcãs" é de 1490, feita pelo humanista, escritor e diplomata italiano Buonaccorsi Callimarco. Este utilizou o termo "Bálcãs", que em turco significa "montanha arborizada", referindo-se à montanha búlgara Stara Planina (montanha velha).

Por volta do século XVIII o viajante inglês John Morritt introduziu o termo na literatura britânica, e logo sua abrangência se alargou, passando a cobrir uma área que abarcava do Adriático até o mar Negro. Atualmente essa denominação inclui todos os territórios da Europa meridional e compreende vários países: Bósnia-Herzegóvina, Sérvia e Montenegro, Eslovênia, Croácia, Macedônia, Albânia, Bulgária, Grécia, Romênia (a Romênia histórica) - e alguns autores incluem a Hungria.

Desde o segundo milênio a.C., os ilírios, ancestrais dos atuais albaneses, habitaram essa região. Em termos concretos, o território ilírio da Dardânia era formado por Kosovo, parte atual da Macedônia e terras do sudeste da Sérvia, que séculos depois foram anexadas pelo império romano.

Do século VIII ao século XII, Kosovo foi o núcleo do Estado medieval de Raska (Rascia); em fins do século XII o governador sérvio Estêvão Nemanja o anexou e, durante algum tempo, Prizren foi a capital dos príncipes sérvios.

Em 1389 um exército invasor otomano derrotou as tropas sérvias durante a batalha de Kosovo, o que provocou a conquista do território em 1459.

Entre os séculos XVI e XVIII os vastos territórios dos Bálcãs, que incluíam Kosovo, foram divididos entre o império otomano (que ficou com a Sérvia, Bósnia, Herzegóvina, Montenegro e Macedônia); os Habsburgo (que ficaram com a Croácia, a Eslovênia, parte da Dalmácia e Voivodina) e a República Veneziana (Ístria e Dalmácia). Esmagada a insurreição de 1690 na velha Sérvia, cerca de 70 mil pessoas se refugiaram nos territórios de Habsburgo.

O império otomano transferiu muçulmanos albaneses para os territórios abandonados de Kosovo e Metojia. Esse território foi cenário de numerosas rebeliões antiturcas, mas em meados de 1912 os turcos foram expulsos da região, proclamando-se então o Estado independente da Albânia, que incluía Kosovo e partes da Macedônia ocidental.

Terminada a Primeira Guerra Mundial, e ante a insistência da Rússia, as grandes potências dividiram Kosovo entre a Sérvia e Montenegro. Em 1918 foi incorporada ao recém-criado reino dos sérvios, croatas e eslovenos, mais tarde chamado de Iugoslávia. Os albaneses locais protagonizaram insurreições entre 1918 e1919, que foram reprimidas. O governo de Belgrado resolveu forçar a expulsão dos albaneses, o fechamento de escolas e o confisco de suas terras, ao mesmo tempo que fomentava a colonização da região com a população sérvia.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Kosovo foi incorporada à Albânia, que à época estava ocupada pelos italianos, e os sérvios foram obrigados a abandonar essas terras. Os albaneses que viviam na região resistiram à reincorporação à Iugoslávia, mas em julho de 1945º exército guerrilheiro de Josip Broz Tito venceu a resistência albanesa. Kosovo se organizou como uma unidade administrativa da República Sérvia, a princípio como região autônoma, mas depois das revoltas de 1968 na Albânia foi elevada à categoria de província autônoma.

Em março e abril de 1981 recrudesceram os distúrbios em Kosovo, vizinha da Albânia, que resultaram na expulsão dos albaneses de postos do governo e nos protestos dos sérvios locais. A população, em sua maioria de origem albanesa (90% do total) protagonizou novas revoltas em 1988 e 1990.

Em merco de 1989, Slobodan Milosevic eliminou todo vestígio e autonomia em Kosovo e estendeu a política de discriminação antialbanesa (proibição do uso da língua albanesa, dissolução do Parlamento autônomo), submentendo a região à ocupação militar.

Isso provocou o surgimento de um movimento de resistência pacífica albanês, graças ao qual se consolidou um Estado paralelo ao estabelecido pelas autoridades sérvias.

Em 1992 realizou-se um referendo (não reconhecido por Belgrado nem pelas potências ocidentais) depois do qual a população albanesa proclamou, de forma unilateral, sua independência da Sérvia.

A radicalização do conflito facilitou o surgimento, em 1997, de um Exército de Libertação de Kosovo que, ignorando a estratégia de "resistência pacífica" posta em marcha pela Liga, iniciou uma série de atentados contra as forças de segurança que atuavam na região. A Sérvia respondeu com uma política mais repressiva que, ante as denúncias da maioria albanesa (em forma de manifestações e marchas), levou a que no começo de 1998 a comunidade internacional interviesse para conseguir que as partes em conflito chegassem a um acordo duradouro.

Em fevereiro de 2003 o Parlamento aprovou a carta constitucional para a nova união da Sérvia e Montenegro, mas o problema de Kosovo, um protetorado internacional, legalmente ainda integrante da Sérvia, continuou por resolver.

Em março de 2004 Kosovo, ainda sob tutela da ONU, voltou a ser cenário de violentos combates entre a maioria albanesa e a minoria sérvia. Os dirigentes albaneses que vivem na região anunciaram que seu objetivo era a independência, embora a ONU e a União Européia se tivesse pronunciado em favor da autonomia dentro da federação. Enquanto isso, na Sérvia, vários dirigentes exigiam a divisão da província entre sérvios e albaneses, outra solução rejeitada pelas chancelarias ocidentais.

A palavra "Kosovo" é de origem sérvia. A denominação mias precisa é Kosovo Polje, que significa "campo de melros" ou "planície dos melros", e foi motivada pela grande quantidade de melros que há nessa região. A palavra "Kos" significa "melro", enquanto Kosovo é o adjetivo possessivo derivado de "Kos".

"A Origem dos Nomes dos Países"
Autor: Edgardo Otero
Editora: Panda Books
Páginas: 484
Quanto: R$ 49,00
Onde comprar: nas principais livrarias e no site da Publifolha